A música clássica na Festa do Avante!
CULTURA No ano em que se celebrava o 75.º aniversário do Partido Comunista Português e o 20.º da Festa do Avante!, em 1996, estreava-se também o grande Concerto de sexta-feira à noite no Palco 25 de Abril.
Desde 1996 que a música clássica está no Palco 25 de Abril
Surgia assim uma das primeiras iniciativas no panorama cultural nacional que primava pela apresentação de música clássica tocada ao ar livre por uma orquestra e para um número tão elevado de espectadores. «Orquestras sinfónicas a tocar em palcos, agora aparecem em todos os lados. Mas o mínimo que nos chamaram há 22 anos foi de loucos», recordou Ruben de Carvalho na declaração que prestou no passado dia 25, junto ao palco 25 de Abril, rodeado por artistas e construtores da Festa.
«Música clássica – de câmara e sinfónica – já esteve presente mais de uma vez na Festa», lia-se na revista da Festa de 1996. De facto, já por várias ocasiões a música clássica tinha estado presente na programação da Festa: logo em 1976, com a Orquestra Sinfónica Popular. Mais tarde, em 1985, com a Orquestra de Câmara de Bratislava. E mesmo em 1995, com a Orquestra Metropolitana de Lisboa. E estes são apenas alguns exemplos.
A inovação que acompanhou o ano de 1996 surgiu com a intenção de, não só dar a maior expressão possível à música erudita, mas também torná-la acessível às massas como parte integrante do direito à fruição cultural. Assim transportaram-se para o maior palco do recinto, o Palco 25 de Abril, todas as grandes experiências de música clássica que a partir de então fariam parte da Festa.
A componente temática dos concertos
«Manteve-se o concerto que tem tido um tema quase todos os anos», acrescentou ainda Ruben de Carvalho, realçando que estes também serviram para celebrar datas ou temáticas importantes. Foi o caso da edição de 1997, ano em que a União Europeia lançava o Ano Europeu Contra o Racismo, em que o Palco 25 de Abril retumbou na primeira das três noites com o concerto «Músicas Diferentes, Homens Iguais».
No ano que se seguiu, o concerto «Canções de Atalaia» levou a noite de sexta-feira, e o público que assistia, por uma viagem impressionante pelas músicas que acompanharam os momentos mais marcantes e revolucionários da história da humanidade. Desde as canções que «estiveram nas barricadas das revoluções de 1848 e da Comuna» até às que «em Portugal, depois de se terem alistado na luta de meio século, deram sinal ao dia da liberdade».
O ano de 2005 deu lugar ao grupo de músicas que celebraram os 60 anos da vitória sobre o nazi-fascismo no concerto intitulado «Opus 45». Cinco anos mais tarde, fazia-se homenagem ao 25.º aniversário da Carvalhesa.
Aproximando-nos dos tempos actuais, sublinhe-se a Festa de 2016, com o concerto de «Música festiva para um aniversário glorioso» em celebração dos 40 anos da Festa. O ano passado, 2017, assistiu ao concerto que passou pelas músicas tradicionais e revolucionárias russas dedicadas ao tema «Revolução de Outubro de 1917 – Cem anos de futuro».
«Este ano coincidiu com um aniversário importante para o Partido, que é o duplo centenário de Marx», afirmou por fim Ruben de Carvalho. Assim, aproxima-se a abertura da primeira noite da Festa com o concerto «Em Louvor do Homem. Nos duzentos anos do nascimento de Marx», que contará com compositores contemporâneos a Karl Marx, Friedrich Engels e às suas obras e outros, mais recentes, que se inspiraram nas questões abordadas pelos fundadores do socialismo científico.