Afirmar a nossa soberania, libertar o País das amarras

LUTA Afirmar a so­be­rania do País e li­bertá-lo das im­po­si­ções da União Eu­ro­peia e do euro são ra­zões fortes para a con­ti­nu­ação da luta dos co­mu­nistas, afirmou Je­ró­nimo de Sousa na Mina de São Do­mingos.

O povo por­tu­guês tem o di­reito de cons­truir o seu pró­prio fu­turo

Um dia na Mina de São Do­mingos. Assim se chamou o al­moço-con­vívio, re­a­li­zado no do­mingo, 19, na­quela al­deia do con­celho de Mér­tola, por ini­ci­a­tiva da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Beja (DORBE) do PCP e com a par­ti­ci­pação de três cen­tenas de pes­soas, entre mi­li­tantes e amigos do Par­tido.

De­pois do al­moço, à sombra das ár­vores, a festa con­ti­nuou com cante alen­te­jano, a cargo do Grupo Coral da Mina de São Do­mingos. Se­guiram-se as in­ter­ven­ções po­lí­ticas e ao palco su­biram José Ba­guinho, Or­lando Pe­reira, João Dias e Elsa Dores, da DORBE, João Pau­zinho, do Co­mité Cen­tral, João Dias Co­elho, da Co­missão Po­lí­tica, e Je­ró­nimo de Sousa, Se­cre­tário-geral.

José Ba­guinho falou das tra­di­ções mi­neiras da terra, elo­giou a obra da CDU quando foi mai­o­ri­tária no con­celho – de que é exemplo a praia flu­vial da Ta­pada Grande –, de­nun­ciou os pro­blemas da re­gião, da falta de aces­si­bi­li­dades ro­do­viá­rias e fer­ro­viá­rias às de­fi­ci­ên­cias nos ser­viços de saúde e edu­cação, pas­sando pela ex­tinção de fre­gue­sias, tudo isso agra­vando a de­ser­ti­fi­cação.

Je­ró­nimo de Sousa saudou os can­ta­dores da Mina, que con­tri­buíram para «re­tem­perar as ener­gias» para os com­bates que aí vêm. Desde logo a cons­trução e re­a­li­zação da Festa do Avante!, que a 7 de Se­tembro abrirá as suas portas «à par­ti­ci­pação de mi­lhares e mi­lhares de por­tu­gueses que a sentem como sua, num es­paço fas­ci­nante de con­vício, ale­gria, ami­zade, onde o tra­balho, a cul­tura, a po­lí­tica e a so­li­da­ri­e­dade à volta das grandes causas dos povos se ex­pressam de mil formas».

O Se­cre­tário-geral do PCP abordou a ac­tu­a­li­dade po­lí­tica na­ci­onal, des­ta­cando que, nestes úl­timos dois anos e meio, «como re­sul­tado das muitas lutas de­sen­vol­vidas pelo nosso povo e pela acção di­recta do PCP, foi pos­sível con­cre­tizar, em­bora de forma li­mi­tada, um con­junto de me­didas que tra­duzem uma real me­lhoria das con­di­ções de vida para os por­tu­gueses».

Ra­zões fortes
para con­ti­nuar a luta

Se­gundo Je­ró­nimo de Sousa, «olhando hoje para a evo­lução da si­tu­ação do País, vemos como foi im­por­tante a ini­ci­a­tiva que to­mámos para cortar o passo à ofen­siva que es­tava em curso, exe­cu­tada pelo Go­verno PSD-CDS».

Der­rotou-se esse go­verno mas não a po­lí­tica de di­reita: «Apenas se der­rotou a sua versão mais re­fi­nada de ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento que tal go­verno con­cre­tizou. Não se der­ro­taram as­pectos nu­cle­ares da po­lí­tica de di­reita». E de­sen­vol­vi­mentos re­centes mos­tram isso mesmo, como as con­ver­gên­cias PS/​PSD/​CDS, em par­ti­cular na questão fun­da­mental da le­gis­lação la­boral, ou a con­ver­gência PS/​PSD na cha­mada des­cen­tra­li­zação do ter­ri­tório.

O líder do PCP evocou as con­quistas al­can­çadas com a con­tri­buição de­ci­siva que o Par­tido tem as­su­mido na re­po­sição, de­fesa e con­quista de di­reitos. Mas isso «não ilude» uma questão es­sen­cial: a de que a res­posta plena aos pro­blemas do País exige uma po­lí­tica al­ter­na­tiva, pa­trió­tica e de es­querda capaz de dar so­lução a pro­blemas es­tru­tu­rais.

Por isso, in­sistiu, não haja ilu­sões: «Por­tugal pre­cisa de uma po­lí­tica em rup­tura com as re­ceitas e ca­mi­nhos que afun­daram o País, in­de­pen­den­te­mente de ser re­a­li­zada pelo PSD e CDS ou pelo PS, so­zinho ou não», pre­cisa de uma al­ter­na­tiva po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda. E este ob­jec­tivo «só é con­cre­ti­zável com o de­ci­sivo re­forço do PCP e da sua in­fluência».

É uma luta di­fícil: «A nossa força é esta que está aqui – con­tac­tando, con­vi­vendo, mo­bi­li­zando. Não temos a co­mu­ni­cação so­cial, não temos o apoio do grande ca­pital, mas temos esta força, de ho­mens, mu­lheres e jo­vens que têm a cons­ci­ência de que a força deste Par­tido é de­ter­mi­nante para con­se­guir uma outra po­lí­tica. Força para nos li­ber­tarmos dos cons­tran­gi­mentos e das im­po­si­ções es­tran­geiras, das im­po­si­ções e dos cons­tran­gi­mentos da União Eu­ro­peia e do euro. Temos de nos li­bertar, temos de afirmar a nossa so­be­rania. Porque este povo tem o di­reito de saber cons­truir o seu pró­prio devir co­lec­tivo. O povo por­tu­guês tem a pa­lavra de­ci­siva. Por isso, li­bertar Por­tugal destas amarras, con­ti­nuar na senda do de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico e so­cial, con­se­guir uma vida me­lhor para os por­tu­gueses, são ra­zões fortes para a con­ti­nu­ação da nossa luta!».