- Nº 2337 (2018/09/13)
Espaço Ciência

Ver, ouvir e experimentar

Festa do Avante!

«O Homem e a Natureza – cooperação e conflito!» foi o tema da exposição do Espaço Ciência! da 42ª edição da Festa do Avante! Tal como acontece ano após ano a exposição é dedicada a um tema sobre o qual podemos durante os três dias de Festa ler, ver, ouvir e experimentar.

A atmosfera (ar, luz e água), o clima em Portugal, a sismicidade e vulcanismo, a floresta portuguesa e os problemas ambientais a ela associados, os rios e zonas húmidas, o Ordenamento e Gestão do Território, passando pela História, Psicologia, Antropologia e Sociologia, estiveram presentes para explicar os impactes da intervenção humana na Natureza, mas também a cooperação que desde o início dos tempos tem permitido a evolução do Homem e da Sociedade.

Os debates voltaram a marcar presença, no sábado, com os temas «Informação, previsibilidade e fenómenos extremos», seguindo-se o debate sobre «Políticas de Protecção Civil – prevenção e acção». No domingo, a reflexão centrou-se no tema «O homem e a Natureza – mitos e realidades!» e, por último, na questão de saber se «Estamos seguros, astronomicamente falando?». E porque também se aprende a brincar, não faltaram as experiências que fazem as delícias (sobretudo) dos mais pequenos. A simulação de uma erupção vulcânica, compreender o magnetismo com a experiência do canhão eletromagnético, perceber como funcionam os furacões com a experiência dos Hemisférios de Magdeburgo, entender a conservação da energia utilizando uma bola de basquetebol e uma bola de ténis (o lema era «nada se cria, nada de perde, tudo se transforma»), perceber como é possível acender uma lâmpada utilizando um limão ou, por fim, ver as vibrações terrestres com a ajuda de uma mola e de um espelho foram as experiências desta edição.

MAIS DO QUE DIVERSÃO

No Espaço Ciência, tão importante como a didáctica é o enquadramento político. A começar pela Constituição da República Portuguesa, que define as responsabilidades do Estado em relação ao território e os direitos e deveres dos cidadãos no uso e propriedade. No seu Artigo 5.º, com a delimitação do território português, continente e ilhas, por mar e por terra. No Artigo 9.º, com as tarefas fundamentais do Estado, entre as quais a de proteger e valorizar o património cultural do povo português, defender a natureza e o ambiente, preservar os recursos naturais e assegurar um correcto ordenamento do território. E, por fim, o Artigo 66.º sobre ambiente e qualidade de vida, que enquadra as políticas públicas do Estado, como sejam as que visam assegurar o direito ao ambiente, prevenir e controlar a poluição, criar e desenvolver reservas e parques naturais.

Também o programa do PCP aborda as questões do ordenamento do território, ambiente e ecologia de forma ampla e complementar, considerando que o sistema político português assenta nos princípios indissociáveis da democracia política, económica, social e cultural.

O direito a um ambiente ecologicamente equilibrado passa pelo combate à desertificação e despovoamento de enormes áreas do País e pela prevenção de incêndios. Passa por uma gestão racional, integrada e democrática dos recursos naturais dos ecossistemas. A gestão pública da água garantido o seu acesso universal e de qualidade, o combate à poluição atmosférica, dos solos, da água, dos mares e zonas costeiras, a extensão das redes de saneamento básico e distribuição de energia, uma política urbanística que garanta às populações um ambiente urbano e saudável - são bandeiras da luta do PCP.

Por fim, uma chamada de atenção: um dos problemas que o mundo atravessa é a tentativa do capitalismo mercantilizar a natureza, atribuindo aos chamados serviços dos ecossistemas ou serviços ambientais um preço e colocando-os no mercado. O modo de produção capitalista é assim responsável não só pela exploração do trabalho mas também pela exploração da natureza.


Diana Garcia