1944 – A Grande Transformação, de Polanyi

«A Grande Trans­for­mação. As ori­gens po­lí­ticas e eco­nó­micas do nosso tempo» é a prin­cipal obra de Karl Paul Po­lanyi (1886 – 1964), fi­ló­sofo, his­to­ri­ador, so­ció­logo e eco­no­mista po­lí­tico hún­garo, sobre o fe­nó­meno da pas­sagem da eco­nomia de mer­cado a uma so­ci­e­dade pu­ra­mente de mer­cado. Tudo se trans­forma em mer­ca­doria, cons­tata Po­lanyi, tal como Karl Marx já previa em A Mi­séria da Fi­lo­sofia (1848), re­fe­rindo-se ao tempo em que prin­cí­pios como a ver­dade e a cons­ci­ência se­riam postos no mer­cado, o «tempo da grande cor­rupção e da ve­na­li­dade uni­versal». Jo­seph Sti­glitz, prémio Nobel de Eco­nomia em 2001, lembra no pró­logo da úl­tima edição da obra que esta foi es­crita antes de os eco­no­mistas mo­dernos terem re­co­nhe­cido as li­mi­ta­ções dos mer­cados au­tor­re­gu­lados. «Hoje em dia, não há apoio in­te­lec­tual ra­zoável para a pro­po­sição de que os mer­cados, por si mesmos, geram re­sul­tados efi­ci­entes, muito menos equi­ta­tivos». O que a ex­pe­ri­ência his­tó­rica mostra é que o «cres­ci­mento pode gerar um au­mento da po­breza». Para Po­lanyi, sob a eco­nomia de mer­cado, a li­ber­dade de­ge­nera numa «mera de­fesa da li­ber­dade da em­presa», que sig­ni­fica «apenas uma mi­séria de li­ber­dade para o povo, que em vão pode tentar fazer uso dos seus di­reitos de­mo­crá­ticos para se res­guardar do poder dos donos da pro­pri­e­dade».