Dos portões para o interior: a célula do PCP no Centro de Contacto da Fidelidade em Évora

OR­GA­NIZAÇÃO O PCP conta desde o início do ano com uma cé­lula no Centro de Con­tacto da Fi­de­li­dade em Évora, cuja cri­ação re­sulta da per­sis­tência dos co­mu­nistas e do apoio pres­tado à luta dos tra­ba­lha­dores.

O PCP era há muito pre­sença re­gular junto da em­presa

A se­gu­ra­dora Fi­de­li­dade tem em fun­ci­o­na­mento há cerca de 15 anos um Centro de Con­tacto em Évora, no qual tra­ba­lham qual­quer coisa como 600 tra­ba­lha­dores, na sua mai­oria con­tra­tados à Em­presa de Tra­balho Tem­po­rário New Spring. Se­gundo contou ao Avante! José Mendes, res­pon­sável pela cé­lula do Par­tido na­quele local de tra­balho, são inú­meros e graves os atro­pelos aos di­reitos la­bo­rais aí pra­ti­cados: ho­rá­rios des­re­gu­lados, sa­lá­rios baixos, in­cum­pri­mento das pausas le­gais e con­tra­tu­al­mente es­ta­be­le­cidas, des­res­peito pelos di­reitos de ma­ter­ni­dade e pa­ter­ni­dade e apli­cação de bancos de horas para gestão de horas ex­tra­or­di­ná­rias.

Além disso, acres­centa José Mendes, há ainda uma evi­dente falta de con­di­ções das ins­ta­la­ções para o ac­tual nú­mero de tra­ba­lha­dores do Centro de Con­tacto. Esta questão, que até nem será a mais grave, tendo em conta as que se re­la­ci­onam com ní­veis sa­la­riais e res­peito por di­reitos es­sen­ciais, é par­ti­cu­lar­mente sen­tida no dia-a-dia, pois «obriga à ro­tação diária de vá­rios tra­ba­lha­dores pelo mesmo posto de tra­balho».

À me­dida que a si­tu­ação se tor­nava in­sus­ten­tável e a cons­ci­ência so­cial e po­lí­tica se alar­gava entre os tra­ba­lha­dores (fruto da pre­sença cons­tante, na em­presa, dos sin­di­catos e do PCP), a luta tornou-se uma re­a­li­dade e as­sumiu o ca­rácter de greve em duas oca­siões: em Maio e Julho deste ano. Se a pri­meira pa­ra­lisou o Centro de Con­tacto, a se­gunda in­cluiu uma con­cen­tração em Lisboa, junto à sede da se­gu­ra­dora.

Entre as exi­gên­cias dos tra­ba­lha­dores, re­corda José Mendes, estão au­mentos sa­la­riais de 45 euros por mês, a su­bida do sub­sídio de ali­men­tação para 10 euros diá­rios, o ho­rário de 35 horas se­ma­nais, a apli­cação da con­tra­tação co­lec­tiva do sector se­gu­rador e a me­lhoria das con­di­ções de hi­giene, saúde e se­gu­rança. Estes pro­cessos de luta fi­caram mar­cados pela re­pressão sobre os tra­ba­lha­dores mais des­ta­cados, desde logo os di­ri­gentes e de­le­gados sin­di­cais.

Or­ga­nizar e mo­bi­lizar

Como re­lata José Mendes, as duas greves não foram o início do pro­cesso de luta dos tra­ba­lha­dores da­quela em­presa. Pelo con­trário, re­pre­sen­taram o ama­du­re­ci­mento da sua cons­ci­ência e or­ga­ni­zação: só este ano re­a­li­zaram-se vá­rios ple­ná­rios sin­di­cais no Centro de Con­tacto de Évora da se­gu­ra­dora Fi­de­li­dade, mais de 200 tra­ba­lha­dores sin­di­ca­li­zaram-se e muitos par­ti­ci­param nas co­me­mo­ra­ções do 1.º de Maio pro­mo­vidas pela CGTP-IN.

Mas se o mo­vi­mento sin­dical uni­tário sempre acom­pa­nhou de perto a si­tu­ação na em­presa e os pro­blemas e as­pi­ra­ções dos seus tra­ba­lha­dores, também o Par­tido é desde há muito pre­sença re­gular junto às ins­ta­la­ções do Centro de Con­tacto. «Nunca dei­xámos de lá ir, mesmo quando não tí­nhamos ne­nhum mi­li­tante», conta José Mendes, re­cor­dando as inú­meras dis­tri­bui­ções de co­mu­ni­cados ali re­a­li­zadas, uns sobre ques­tões ge­rais e ou­tros sobre temas re­la­ci­o­nados com o sector ou mesmo com a em­presa.

Em 2017, a cons­trução das listas para as elei­ções au­tár­quicas re­ve­laram que havia dois mi­li­tantes do Par­tido a tra­ba­lhar no Centro de Con­tacto, oriundos de con­ce­lhos vi­zi­nhos de Évora. A partir deles, foi pos­sível não só tornar a in­ter­venção par­ti­dária, junto dos tra­ba­lha­dores e na As­sem­bleia da Re­pú­blica, mais acu­ti­lante – à me­dida que au­men­tava o co­nhe­ci­mento acerca dos pro­blemas da em­presa – como co­nhecer quem eram os tra­ba­lha­dores mais firmes e com­ba­tivos e, assim, em me­lhores con­di­ções para se tor­narem mem­bros do Par­tido.

É aqui que entra a acção dos cinco mil con­tactos com tra­ba­lha­dores, lan­çada pelo Co­mité Cen­tral em Ja­neiro deste ano: foi ela­bo­rada uma lista com os nomes das pes­soas a con­tactar, de­fi­nido quem con­tac­tava quem e, por fim, re­a­li­zadas as res­pec­tivas con­versas. Desta acção re­sultou um con­junto de re­cru­ta­mentos que per­mitiu a cri­ação da cé­lula. Dos nomes cons­tantes nessa lista, nem todos foram ainda con­tac­tados, pelo que a or­ga­ni­zação par­ti­dária po­derá ainda crescer, su­blinha José Mendes.

A cé­lula reúne com re­gu­la­ri­dade, já editou um nú­mero do seu bo­letim «Login PCP» e pre­para o pró­ximo, e con­tribui de­ci­si­va­mente para o au­mento da cons­ci­ência dos tra­ba­lha­dores e o alar­ga­mento da luta – da qual re­sulta, di­a­le­ti­ca­mente, o re­forço da or­ga­ni­zação par­ti­dária.




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