ORGANIZAÇÃO Na freguesia do Alto do Seixalinho, no Barreiro, foram criadas duas comissões locais do Partido, que resultaram no envolvimento de mais pessoas na actividade partidária e numa maior ligação à realidade.
As Comissões Locais do PCP no Bairro 7 e na Zona 4 da freguesia barreirense do Alto do Seixalinho foram criadas este ano: a primeira em Janeiro e a segunda em meados de Abril, ambas na sequência da realização das respectivas assembleias. Cada uma delas ficou constituída por quatro elementos, um dos quais assegura a ligação da respectiva comissão local à Comissão de Freguesia. Para lá deste núcleo dirigente, outros militantes desempenham tarefas de imprensa, propaganda, fundos, iniciativas.
Segundo Susana Ramalho, que na Comissão Concelhia do Barreiro assume a responsabilidade pela freguesia do Alto do Seixalinho, a criação das comissões já permitiu alargar o número de militantes com tarefas atribuídas – o que constitui uma das prioridades definidas na Resolução do Comité Central de Janeiro, que norteia a acção geral de reforço do Partido. Este maior envolvimento dos militantes, por sua vez, teve como consequência imediata um salto considerável em tarefas tão importantes quanto a entrega do novo cartão, a actualização de dados e a recuperação de quotizações em atraso.
Pensar e agir
de forma diferente
Mas as vantagens da constituição de comissões locais não se ficam por aqui, sublinha Susana Ramalho, que fala numa forma diferente de pensar e de agir, mais próxima dos problemas e das pessoas: «todas as tarefas que nos propomos realizar são muito mais fáceis com comissões locais do que olhando para a realidade no seu todo.»
Se isto é válido para a responsabilização de quadros e para a intervenção sobre problemas concretos de cada uma das zonas, também o é para a acção mais geral do Partido. «Quando se fala em locais de trabalho, temos tendência a olhar para grandes empresas e essas não existem na freguesia. Mas se pensarmos em termos de bairro ou zona, vem-nos de imediato à cabeça o trabalhador que nos serve o café ou nos vende o pão de manhã», exemplifica.
O mesmo sucede com as escolas, junto às quais esteve em distribuição os folhetos da campanha do PCP Crianças e Pais com Direitos – Portugal com Futuro. «Na freguesia há 10 escolas, o que parece muito, mas se formos ao concreto temos quatro no Bairro 7 e uma na Zona 4», acrescentou, realçando que nessas duas áreas, onde as distribuições foram asseguradas pela Comissão Local, a campanha chegou «muito longe».
Os próprios objectivos e prioridades definidas por cada uma das comissões revelam esse maior conhecimento da realidade que elas proporcionam. Na Zona 4, mais pequena e de população mais envelhecida, o grande propósito da Comissão Local é atrair gente nova ao Partido, através da ligação ao movimento associativo e da realização de iniciativas públicas. Já no Bairro 7, imenso e com quase 200 militantes inscritos, pretende-se quebrar algum do isolamento a que a distância do Centro de Trabalho concelhio proporciona, através de iniciativas de convívio, plenários e almoços. «Sem as comissões locais nem nos aperceberíamos disto», conclui Susana Ramalho.
Referências e envolvimento
Foram vários os factores que levaram à criação das comissões locais na freguesia do Alto do Seixalinho, desde logo a dimensão da freguesia, o elevado número de militantes aí organizados e a dispersão dos diversos núcleos habitacionais. Edgar Carneiro e José Almeida são membros da Comissão Local da Zona 4. O primeiro recorda-se da experiência anterior, no início deste século, sob o impulso do histórico militante comunista Fernando Blanqui Teixeira, que, lembra, «falou um a um com todos os militantes do Partido antes de constituir a comissão». Nessa altura, acrescentou, «chegámos a ter um boletim na Zona 4». As condições são hoje diferentes, reconhece, mas essa experiência permanece como referência para a intervenção presente.
Para José Almeida, que depois de anos de intensa actividade sindical está de volta ao seu bairro natal, a criação da Comissão Local veio proporcionar a muitos militantes daquela zona a possibilidade de participarem na actividade do Partido: «é uma zona muito envelhecida e há muitos militantes que não vão ao CT, mas que ali estão disponíveis para participar.»
A Comissão de Freguesia estabeleceu o objectivo de replicar esta experiência aos restantes quatro bairros