Para a manifestação de hoje vêm lutas de todos os dias

MO­BI­LIZAÇÃO Du­rante a greve na Lo­gís­tica da Sonae, em ple­ná­rios re­centes na GNB-SSO e na Ce­re­alis, como antes em call-cen­ters da Beira, os tra­ba­lha­dores marcaram 15 de No­vembro como dia de luta.

A con­cen­tração está mar­cada para as 15 horas, no Marquês de Pombal

Estes são al­guns exem­plos, entre muitos ou­tros (al­guns dos quais no­ti­ciámos na edição da se­mana pas­sada), de como tem vindo a ser cons­truída a ma­ni­fes­tação na­ci­onal que a CGTP-IN con­vocou para hoje, em Lisboa, a partir das 15 horas, sob o lema «Avançar nos di­reitos, va­lo­rizar os tra­ba­lha­dores». Os justos mo­tivos de pro­testo e de luta nos di­versos sec­tores e em­presas são trans­por­tados para a Ave­nida da Li­ber­dade, dando assim mais força às exi­gên­cias di­ri­gidas ao Go­verno e aos pa­trões.

A de­cisão de par­ti­cipar na ma­ni­fes­tação na­ci­onal foi afir­mada du­rante as con­cen­tra­ções que tra­ba­lha­dores da Lo­gís­tica da Sonae (ar­ma­zéns) re­a­li­zaram na Maia e em Car­na­xide no dia 31 de Ou­tubro, du­rante a greve con­vo­cada pelo CESP/​CGTP-IN e que, como in­formou o sin­di­cato, teve forte adesão.
A Sonae «con­tinua a re­meter pra­ti­ca­mente todos os as­suntos do Ca­derno Rei­vin­di­ca­tivo para a ne­go­ci­ação do Con­trato Co­lec­tivo de Tra­balho, não as­su­mindo qual­quer com­pro­misso de au­mento dos sa­lá­rios e do sub­sídio de re­feição e fa­zendo-se es­que­cida de que é vice-pre­si­dente da APED» (as­so­ci­ação pa­tronal do sector da grande dis­tri­buição co­mer­cial), pro­testa-se na re­so­lução en­tregue nas sedes do Grupo Sonae e da Sonae MC.
Além de uma res­posta da ad­mi­nis­tração sobre o caso de agressão a uma di­ri­gente sin­dical, no Mo­delo Con­ti­nente em Er­me­sinde, e do abuso na uti­li­zação de dados pes­soais dos tra­ba­lha­dores «para uma fer­ra­menta de Re­cursos Hu­manos com função de rede so­cial» (IOP), na re­so­lução fi­caram re­cor­dadas as prin­ci­pais rei­vin­di­ca­ções, no­me­a­da­mente: pro­moção au­to­má­tica dos ope­ra­dores de ar­mazém até à ca­te­goria de ope­rador es­pe­ci­a­li­zado, as­se­gu­rando ca­te­go­rias e car­reiras equi­pa­radas aos ope­ra­dores de loja; au­mento sa­la­rial mí­nimo de 40 euros para todos os tra­ba­lha­dores; su­bida do sub­sídio de ali­men­tação em um euro por dia; pas­sagem a efec­tivos dos tra­ba­lha­dores que ocupam postos de tra­balho per­ma­nentes mas estão com vín­culos la­bo­rais pre­cá­rios; ne­go­ci­ação do con­trato co­lec­tivo do sector, sem re­dução do valor do tra­balho su­ple­mentar; eli­mi­nação da «ta­bela B» (que prevê sa­lá­rios mais baixos na ge­ne­ra­li­dade dos dis­tritos, ex­cepto Lisboa, Porto e Se­túbal); sub­sídio de frio; ho­rá­rios de tra­balho re­gu­lados e fim do «banco» de horas.

Num ple­nário re­a­li­zado a 24 de Ou­tubro, os tra­ba­lha­dores da GNB Ser­viços de Su­porte Ope­ra­ci­onal (agru­pa­mento com­ple­mentar de em­presas do Grupo Novo Banco) ins­cre­veram numa moção a de­cisão de «lutar pelo di­reito à ne­go­ci­ação do Acordo de Em­presa, par­ti­ci­pando na ma­ni­fes­tação na­ci­onal da CGTP-IN no dia 15 de No­vembro». Afir­maram ainda que «irão adoptar todas as formas de luta ne­ces­sá­rias para a de­fesa dos seus postos de tra­balho e do di­reito à con­tra­tação co­lec­tiva».
A ad­mi­nis­tração do Novo Banco re­cusa ne­go­ciar o Acordo de Em­presa e mantém a ameaça de ex­ter­na­li­zação dos ser­viços e con­se­quente des­pe­di­mento, re­fere-se na moção di­vul­gada pelo Sintaf/​CGTP-IN.

No dia 5 de No­vembro, em ple­nário, os tra­ba­lha­dores da Ce­re­alis, na Trofa, de­ci­diram que «é hora de tomar po­sição con­trária e fazer-se ouvir pu­bli­ca­mente» na ma­ni­fes­tação na­ci­onal, face a re­centes «de­ci­sões ile­gais e ar­bi­trá­rias», como in­formou o Sintab/​CGTP-IN. Numa nota de im­prensa, o sin­di­cato acusou a em­presa de co­mu­nicar aos tra­ba­lha­dores que a con­tra­tação co­lec­tiva tinha ca­du­cado, quando o con­trato entre a APIM e a Fe­saht/​CGTP-IN está em vigor, «não ha­vendo se­quer mo­tivos que an­te­vejam a sua ca­du­ci­dade em breve».
A Ce­re­alis de­cidiu ex­tin­guir al­guns di­reitos so­ciais e anun­ciou que vai in­cluir no valor da re­mu­ne­ração-base os va­lores das diu­tur­ni­dades e sub­sí­dios. Esta me­dida ocorreu já em vá­rias em­presas do sector ali­mentar, ser­vindo para os pa­trões an­te­ci­parem os au­mentos do sa­lário mí­nimo na­ci­onal, com este em­po­la­mento do sa­lário au­fe­rido, acusou o Sintab.

O mesmo sin­di­cato re­velou no dia 9, sexta-feira, que os tra­ba­lha­dores da Apapol (Ali­ança Pa­ni­fi­ca­dora de Algés, Paço de Arcos e Oeiras), em luta por au­mentos sa­la­riais e pelo cum­pri­mento da con­tra­tação co­lec­tiva, vão fazer greve hoje e, no âm­bito da ma­ni­fes­tação na­ci­onal, con­cen­tram-se de manhã frente à sede da em­presa, no mer­cado de Algés.

Apenas uma se­mana de­pois de a CGTP-IN ter con­vo­cado a ma­ni­fes­tação (num en­contro na­ci­onal, dia 1 de Ou­tubro), cerca de uma cen­tena de tra­ba­lha­dores dos call-cen­ters da PT Con­tact (Grupo Al­tice) no Ce­leiro e na Ca­ra­palha, com vín­culo às em­presas de tra­balho tem­po­rário Man­power, Ta­lenter e Ver­tente Hu­mana, reu­niram-se em ple­nário, em Cas­telo Branco, e de­ci­diram fazer greve no dia 15 de No­vembro. Como re­feriu o Sinttav/​CGTP-IN num co­mu­ni­cado, os tra­ba­lha­dores re­a­li­zaram «o maior ple­nário de sempre» neste sector para de­ci­direm o pró­ximo passo da luta que travam há mais de dois anos, pelo au­mento dos sa­lá­rios, por con­di­ções dignas e pela in­te­gração na em­presa para que efec­ti­va­mente tra­ba­lham (MEO/​Al­tice).

Para a ma­ni­fes­tação de hoje virão também utentes do Li­toral Alen­te­jano, re­cla­mando in­ves­ti­mentos ne­ces­sá­rios e ur­gentes no Ser­viço Na­ci­onal de Saúde. Num apelo das co­mis­sões de utentes da­quela re­gião, re­corda-se al­guns avanços e con­quistas al­can­çados pela luta e exige-se ir mais longe e tomar um rumo di­fe­rente.

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Barraqueiro reagiu à greve

A administração do Grupo Barraqueiro «tem medo de negociar com a organização de classe dos trabalhadores e optou por encenar um simulacro de negociação directa nalgumas empresas», onde apresentou novos valores para aumentos salariais, comentou a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, no dia 8, realçando...

Luta e solidariedade no Barreiro

Os trabalhadores da lavandaria industrial Washclean Laundries, no Parque Empresarial do Barreiro (antiga Quimigal), estão em vigília nas instalações desde dia 6, para evitarem que seja retirado património. Uma tentativa foi frustrada pela firmeza dos trabalhadores, no dia 9, como informou a CDU do concelho.O Sindicato...

Acordo na VW Autoeuropa

Depois da discussão em plenários, a 6 e 7 de Novembro, decorreu nos dias 8 e 9 a votação do pré-acordo laboral para 2019-2020 na Volkswagen Autoeuropa, negociado entre a Comissão de Trabalhadores e a administração. A elevada participação neste processo reflectiu-se no grande número de votantes (4834, representando 82,6...