Grande manifestação dá mais força à luta

MO­BI­LIZAÇÃO Na ma­ni­fes­tação na­ci­onal de 15 de No­vembro, pro­mo­vida em Lisboa pelaCGTP-IN, foi vin­cada a força da uni­dade e da luta dos tra­ba­lha­dores para os avanços ob­tidos e para novas con­quistas.

A jor­nada de dia 15 ocorreu num dia normal de tra­balho

Pouco pas­sava das 17 horas de quinta-feira, quando o Se­cre­tário-geral da CGTP-IN ter­minou a sua in­ter­venção, no palco ins­ta­lado na Praça dos Res­tau­ra­dores, ci­tando Vi­ni­cius de Mo­rais, para lem­brar que do céu só cai a chuva, o resto é luta. Nessa al­tura, a cauda da ma­ni­fes­tação mal tinha co­me­çado a descer a Ave­nida da Li­ber­dade.
Já ti­nham soado os hinos, ouviu-se ainda a «Grân­dola», man­teve-se a de­ter­mi­nação a re­petir pa­la­vras de ordem, como «É justo e ne­ces­sário o au­mento do sa­lário», «A luta con­tinua, nas em­presas e na rua» (ou «nas es­colas e na rua», como di­ziam os pro­fes­sores), «É pre­ciso in­vestir para o País pro­duzir», «Taxar o ca­pital é ur­gência na­ci­onal», «Lutar, lutar, para os sa­lá­rios au­mentar», «Pre­ca­ri­e­dade é in­justa, os jo­vens estão em luta», «O acordo la­boral é bom para o ca­pital», «35 horas para todos, sem de­moras» – re­pi­sando rei­vin­di­ca­ções e ob­jec­tivos que ha­viam fi­cado ex­pressos numa re­so­lução e na in­ter­venção prin­cipal.
Ar­ménio Carlos re­tomou a pa­lavra, para saudar mais al­guns dos aguer­ridos grupos de tra­ba­lha­dores, iden­ti­fi­cados com faixas dos sin­di­catos ou mesmo com as suas roupas de tra­balho, como os da Re­nault Cacia. Logo ali afirmou que esta es­tava a ser se­gu­ra­mente uma das mai­ores ma­ni­fes­ta­ções que a con­fe­de­ração or­ga­nizou nos úl­timos tempos, com de­zenas de mi­lhares de tra­ba­lha­dores.
No dia se­guinte, a CGTP-IN clas­si­ficou a ma­ni­fes­tação de 15 de No­vembro como «uma das mais belas e im­pres­si­o­nantes jor­nadas de luta re­a­li­zadas pelo mo­vi­mento sin­dical uni­tário nos úl­timos anos». Numa sau­dação, rei­terou o ob­jec­tivo cen­tral de va­lo­ri­zação dos tra­ba­lha­dores, «pro­ta­go­nistas da cri­ação de ri­queza e do de­sen­vol­vi­mento de Por­tugal» e re­tomou uma ideia já sa­li­en­tada na in­ter­venção do Se­cre­tário-geral: «Foi com a luta que re­sis­timos às su­ces­sivas ofen­sivas, de­fen­demos e con­quis­támos di­reitos, me­lho­rámos as nossas con­di­ções de vida e de tra­balho», e «é com a luta que vamos avançar».
Do palco nos Res­tau­ra­dores, a su­bli­nhar que «vale a pena lutar», ficou as­si­na­lada a pas­sagem de três anos desde a ma­ni­fes­tação que, a 10 de No­vembro de 2015, ce­le­brou frente à As­sem­bleia da Re­pú­blica a queda do go­verno che­fiado por Passos Co­elho e es­for­ça­da­mente no­meado por Ca­vaco Silva.
«Pa­recia im­pos­sível, mas o tempo dos cortes per­ma­nentes foi tra­vado» e a acção e união dos tra­ba­lha­dores abriram as portas a «um novo quadro po­lí­tico que de­volveu di­reitos, re­verteu ata­ques e avançou em áreas im­por­tantes, do au­mento ex­tra­or­di­nário das pen­sões, à re­po­sição dos quatro dias fe­ri­ados; da re­versão de al­gumas pri­va­ti­za­ções, ao fim da so­bre­taxa do IRS; do pa­ga­mento in­te­gral dos sub­sí­dios de fé­rias e de Natal, à gra­tui­ti­dade dos ma­nuais es­co­lares».
Ar­ménio Carlos frisou que «tão im­por­tante como o que se con­se­guiu foi também o que se im­pediu», re­por­tando-se ao «corte de 600 mi­lhões de euros que já es­tava pro­gra­mado para as re­formas dos apo­sen­tados».
No en­tanto, «a luta tem de con­ti­nuar, para com­bater e der­rotar a ac­tual po­lí­tica la­boral da di­reita», uma vez que, «por res­pon­sa­bi­li­dade única do Go­verno do PS, per­sistem pro­blemas es­tru­tu­rais e, na área do tra­balho, em vez de se pro­gredir está-se a re­gredir».

So­li­da­ri­e­dade do PCP

O Se­cre­tário-geral do PCP in­te­grou uma de­le­gação da di­recção do Par­tido, que saudou a pas­sagem da ma­ni­fes­tação, nas pro­xi­mi­dades do centro de tra­balho Vi­tória. Je­ró­nimo de Sousa, em breves de­cla­ra­ções, enal­teceu o grande sig­ni­fi­cado desta grande ma­ni­fes­tação, num dia normal de tra­balho. «Os tra­ba­lha­dores que aqui estão a des­filar ti­veram de fazer greve, para re­a­lizar uma grande acção», acen­tuou, no­tando que «não é luta pela luta, é uma ma­ni­fes­tação com ob­jec­tivos», porque «a si­tu­ação está me­lhor, mas não está bem, par­ti­cu­lar­mente em re­lação ao mundo do tra­balho, seja a le­gis­lação la­boral, sejam sa­lá­rios, seja a questão da pre­ca­ri­e­dade, seja a re­po­sição ainda da­quilo que foi rou­bado a tra­ba­lha­dores de vá­rios sec­tores, em re­lação aos ho­rá­rios, em re­lação às de­si­gual­dades e in­jus­tiças que con­ti­nuam a pre­va­lecer na so­ci­e­dade por­tu­guesa».

 



Mais artigos de: Em Foco