Valorizar os trabalhadores
Foi mesmo muito grande a manifestação organizada pela CGTP-IN no passado dia 15 de Novembro. Trabalhadores de todo o País, de todos os sectores, público e privado foram a Lisboa, sob a consigna «Avançar nos direitos, Valorizar os trabalhadores», mesmo que, a partir de meio do percurso, já fosse difícil avançar naquela Avenida, tantos eram os que vieram trazer as suas reivindicações, os seus protestos, as suas denúncias.
Muitos vieram manhã cedo e foram às sedes das suas empresas, das associações patronais que as representam, à casa do patrão, dizer estamos presentes e não desarmamos.
Todos eles trouxeram a sua bandeira, a sua palavra de ordem, a sua força e a sua convicção. Cada braço levantado, cada grito entoado, quantas vezes os primeiros, ao lado dos seus camaradas de luta, são um passo mais na acção pelos seus direitos.
Os trabalhadores dos Centros de Contacto do Novo Banco e da Fidelidade, os operários da Renault Cacia, da Caetano Bus ou da Tegopi; os trabalhadores da Lavandaria WSC, do Barreiro; os profissionais das forças de segurança; os trabalhadores da IP-Infraestruturas de Portugal; as operárias da Visteon e os da Bocsh; os mineiros das minas de Aljustrel, os trabalhadores da SUCH, do Grupo Sonae, do Pingo Doce e do Corte Inglês; os das Águas do Atlântico; os da Cerealis; das Carnes Nobre, do Hotel Montebelo, os trabalhadores das autarquias, tantos, tantos que não dá para descrever aqui. Desceram a Avenida da Liberdade convergindo na luta de todos e prolongando a acção reivindicativa que, tal como não começou agora, não se esgota nesta grande manifestação de combatividade, determinação e alegria de lutar, e se há-de prolongar agora em cada empresa e cada local de trabalho em torno dos seus objectivos concretos.
Desceram a Avenida para avançar nos direitos e valorizar os trabalhadores. Ao fazê-lo, cada um deles agigantando-se, qual Quixote, contra a repressão, exercendo o direito a lutar, não prescindindo de nenhum sonho, estavam já a valorizar-se a si mesmos.