Contra fecho da Jado Ibéria trabalhadores decidem lutar

PRODUÇÃO O em­prego de mais de 70 pes­soas e uma uni­dade pro­du­tiva quase cen­te­nária estão ame­a­çados pela mul­ti­na­ci­onal alemã Ideal Stan­dard, que quer fe­char a Jado Ibéria e levar o tra­balho para fora.

A em­presa é viável, dá lucro e teve in­ves­ti­mentos re­centes

Uma con­cen­tração de pro­testo teve lugar à porta da fá­brica, em No­gueira (Braga), na tarde do dia 23, pre­ci­sa­mente uma se­mana de­pois de a ad­mi­nis­tração ter co­mu­ni­cado aos tra­ba­lha­dores a in­tenção de en­cer­ra­mento, para for­ma­lizar em Fe­ve­reiro, mas para pôr em prá­tica já a partir do dia 3 de De­zembro.
Esta acção, como se re­fere no do­cu­mento que o Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores das In­dús­trias Trans­for­ma­doras, Energia e Ac­ti­vi­dades do Am­bi­ente do Norte (SITE Norte) di­vulgou aos jor­na­listas du­rante a con­cen­tração, foi de­ci­dida num ple­nário, dia 22, para pu­bli­ca­mente ex­pressar o re­púdio dos tra­ba­lha­dores por esta de­cisão pa­tronal e afirmar a de­ter­mi­nação de re­sistir e lutar contra ela.
A Jado Ibéria foi in­te­grada há uma dé­cada no grupo alemão, se­deado em Bru­xelas, sendo uma em­presa de re­fe­rência no fa­brico de ar­tigos sa­ni­tá­rios, como tor­neiras, louças, bases de duche e res­guardos. As suas ori­gens re­montam a 1927, sob a de­sig­nação de Fá­brica Onça, que também pro­duziu para a in­dús­tria au­to­móvel.
Os tra­ba­lha­dores e o sin­di­cato da Fi­e­qui­metal/​CGTP-IN cri­ticam o se­cre­tismo da ad­mi­nis­tração, que co­mu­nicou a in­tenção de en­cerrar a uni­dade in­dus­trial de Braga de um dia para o outro e sem que algo fi­zesse prever tal, até porque a em­presa tem de­mons­trado vi­a­bi­li­dade, tem pro­pi­ciado lu­cros e teve há pouco tempo in­ves­ti­mentos em ma­qui­naria, no me­lho­ra­mento de al­gumas sec­ções e na con­tra­tação de pes­soal.
Esta forma de apre­sentar a de­cisão, afirma o SITE Norte, deixou os tra­ba­lha­dores ainda mais re­vol­tados e «de­monstra bem o com­por­ta­mento abu­sivo das mul­ti­na­ci­o­nais, que se usam do País e dos nossos tra­ba­lha­dores, “le­van­tando ar­raiais” sem prestar contas da sua saída, dei­xando para trás os des­troços e as tra­gé­dias».

So­li­da­ri­e­dade ac­tiva
Junto dos tra­ba­lha­dores em luta es­teve o co­or­de­nador da União dos Sin­di­catos de Braga, Jo­a­quim Da­niel, membro da Co­missão Exe­cu­tiva da CGTP-IN, que apoiou a «justa de­cisão de con­ti­nuar a luta pela ma­nu­tenção dos postos de tra­balho», como re­fere uma nota de im­prensa da es­tru­tura dis­trital da In­ter­sin­dical.
Ali se des­locou também Mi­guel Vi­egas, de­pu­tado do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu, que afirmou a so­li­da­ri­e­dade do Par­tido para com esta luta, dando conta de que o pro­blema já fora sus­ci­tado na As­sem­bleia da Re­pú­blica por Carla Cruz, e ele pró­prio iria ques­ti­onar a Co­missão Eu­ro­peia.
Na per­gunta di­ri­gida dia 23 ao mi­nistro do Tra­balho, ques­ti­o­nando se o Go­verno re­co­nhece que este en­cer­ra­mento terá «sé­rias e graves con­sequên­cias para os tra­ba­lha­dores, para as suas fa­mí­lias e para o te­cido eco­nó­mico e so­cial do con­celho de Braga», a de­pu­tada co­mu­nista de­fendeu que sejam to­madas «todas as me­didas que pos­si­bi­litem a sal­va­guarda de todos os postos de tra­balho e a la­bo­ração da em­presa».
Mi­guel Vi­egas per­guntou, dia 24, quais os mon­tantes de apoios co­mu­ni­tá­rios atri­buídos nos úl­timos anos ao grupo Ideal Stan­dard In­ter­na­ti­onal, no seu todo, e de que ins­tru­mentos dispõe a Co­missão Eu­ro­peia para, em vir­tude dos apoios con­ce­didos, «im­pedir este en­cer­ra­mento e evitar mais uma tra­gédia so­cial e eco­nó­mica para a re­gião».
Num pri­meiro passo das ac­ções que vão de­sen­volver, os tra­ba­lha­dores e as suas or­ga­ni­za­ções re­pre­sen­ta­tivas querem ser re­ce­bidos pelo Mi­nis­tério da Eco­nomia, uma vez que a de­cisão da mul­ti­na­ci­onal é «abu­siva e le­siva dos in­te­resses dos por­tu­gueses e do País», como se afirma no co­mu­ni­cado de im­prensa.

Pre­o­cu­pação na Dura

Para a União dos Sin­di­catos da Guarda, a si­tu­ação na Dura Au­to­mo­tive «é bas­tante pre­o­cu­pante, porque em Abril de 2019 ter­mina mais uma linha de pro­dução e até agora não é co­nhe­cida a subs­ti­tuição».
Numa nota de im­prensa que di­vulgou no dia 13, a es­tru­tura dis­trital da CGTP-IN re­cordou que nada foi feito para im­pedir o fecho de uma linha, em Julho, há muito anun­ciado, o que re­sultou no des­pe­di­mento de 20 tra­ba­lha­dores com con­tratos tem­po­rá­rios e na saída «por mútuo acordo» de mais de duas de­zenas de tra­ba­lha­dores com vín­culo efec­tivo, de­vido à grande ins­ta­bi­li­dade vi­vida na fá­brica de com­po­nentes para a in­dús­tria au­to­móvel.

 



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