Democratas oferecem o muro a Trump

António Santos

Con­gres­sistas do Par­tido De­mo­crata (PD) e do Par­tido Re­pu­bli­cano (PR) che­garam, terça-feira, a um acordo para evitar uma nova pa­ra­li­sação do go­verno fe­deral em troca de 1,3 mil mi­lhões para cons­truir o muro de Do­nald Trump. Em­bora aquém dos 5,7 mil mi­lhões de dó­lares re­cla­mados pelo pre­si­dente, a dis­cussão entre de­mo­cratas e re­pu­bli­canos deixa de ser sobre a cons­trução do muro para se tornar em mero re­ga­teio do preço.

Sem sur­presas, na quarta-feira de ma­dru­gada, ainda antes de anun­ciar se faria uso do poder de veto para travar o acordo, Trump re­correu ao Twitter para frisar que não está «muito im­pres­si­o­nado» nem «con­tente com o acordo) mas não se coibiu de saudar os 23 mil mi­lhões de dó­lares ofe­re­cidos pelo PD para a mi­li­ta­ri­zação da fron­teira com o Mé­xico in­cluídos no pa­cote. Em troca, os de­mo­cratas levam apenas a re­dução, de 49 mil para 40 mil, do nú­mero de camas nas pri­sões do ICE, a in­fame po­lícia ca­ça­dora de imi­grantes ile­gais.

Con­córdia com o crime

Mais cé­lere, o acordo bi­par­ti­dário não tardou a re­ceber o be­ne­plá­cito de Nancy Pe­losi, a pre­si­dente da Câ­mara dos Re­pre­sen­tantes e prin­cipal líder dos de­mo­cratas no Con­gresso. Na se­gunda-feira, Pe­losi elo­giou «o es­pí­rito de com­pro­misso e con­córdia» com Trump e ex­plicou que os de­mo­cratas acom­pa­nham os re­pu­bli­canos na von­tade de ter «uma bar­reira forte e se­gura» na fron­teira. Já os «so­ci­a­listas de­mo­crá­ticos» Bernie San­ders e Ale­xan­dria Ocasio-Cortez, in­te­grados nas fi­leiras do Par­tido De­mo­crata, pre­fe­riram não se pro­nun­ciar sobre o acordo fir­mado em seu nome.

Si­mul­ta­ne­a­mente, o pre­si­dente des­va­lo­rizou a falta de fundos para a cons­trução do muro, al­vi­trando poder re­correr a «muitas ou­tras fontes» para con­se­guir o fi­nan­ci­a­mento que falta. Uma das pos­si­bi­li­dades em cima da mesa do pre­si­dente é a de­cla­ração do es­tado de emer­gência, o que lhe per­mi­tiria sus­pender o fun­ci­o­na­mento das ins­ti­tui­ções de­mo­crá­ticas bur­guesas e, através de uma ordem pre­si­den­cial, au­to­rizar a cons­trução do muro. Os de­mo­cratas, «so­ci­a­listas» ou não, queixar-se-ão então, não de que Trump fez um muro imoral e cri­mi­noso, mas sim de que não o fez como devia, ou por um preço de­ma­siado alto.




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