É preciso avançar... nos direitos das mulheres!

João Pimenta Lopes

Foi apro­vada no Par­la­mento Eu­ropeu uma re­so­lução, pro­mo­vida desde a Co­missão dos Di­reitos da Mu­lher e da Igual­dade dos Gé­neros, de que os de­pu­tados do PCP foram re­la­tores, sobre “o re­tro­cesso em ma­téria dos di­reitos das mu­lheres na UE”.

O texto aborda e ca­rac­te­riza, entre ou­tros, a de­gra­dação dos di­reitos la­bo­rais e so­ciais, os ata­ques à saúde se­xual e re­pro­du­tiva, as ques­tões do au­mento da vi­o­lência sobre as mu­lheres. Não é um texto do PCP na pro­fun­di­dade da aná­lise, da crí­tica e da pro­posta. Antes um texto que re­sulta de con­sen­su­a­li­zação de con­teúdos com os di­fe­rentes grupos po­lí­ticos na re­fe­rida Co­missão. Facto que fez nor­tear a con­dução dos tra­ba­lhos, com su­cesso, em ga­rantir que o do­cu­mento in­te­grasse a cen­tra­li­dade do tra­balho e da si­tu­ação sócio-eco­nó­mica como ele­mentos de­ter­mi­nantes para a su­pe­ração das de­si­gual­dades, ou que tra­du­zisse o que foram vá­rios ata­ques a di­reitos so­ciais e ser­viços pú­blicos na e desde a UE. Por outro lado, em ga­rantir que o do­cu­mento es­ca­passe a uma nor­ma­li­zação ide­o­ló­gica re­cor­rente de ali­nha­mento com as po­lí­ticas da União Eu­ro­peia e bran­que­a­mento ou ma­qui­lhagem so­cial de ins­tru­mentos como o Se­mestre Eu­ropeu, ou a in­te­gração da re­tó­rica so­cial em torno do Pilar So­cial. Ou que es­ca­passe à ma­ni­pu­lação dos ata­ques a di­reitos das mu­lheres para in­fligir ata­ques di­rec­ci­o­nais a Es­tados so­be­ranos.

Com vista a tornar mais in­ci­sivo o texto, apre­sen­támos 20 al­te­ra­ções. Re­gis­tamos que com os votos da di­reita e da so­cial de­mo­cracia, te­nham sido re­ti­radas as re­fe­rên­cias às po­lí­ticas de aus­te­ri­dade (quer as con­sequên­cias quer a sua re­jeição). Ou que te­nham sido re­jei­tadas as re­fe­rên­cias à ne­ces­si­dade de po­lí­ticas pú­blicas; à cres­cente ten­dência de múl­ti­plas formas de vi­o­lência e as­sédio contra as mu­lheres; à edu­cação se­xual nas es­colas como uma dis­ci­plina es­pe­cí­fica; à de­fesa do di­reito à ama­men­tação e a li­cenças pa­ren­tais pagas cor­res­pon­dentes a 100% da re­mu­ne­ração de re­fe­rência.

Mas foram in­te­grados im­por­tantes con­tri­butos do PCP. O re­forço inequí­voco da cen­tra­li­dade do tra­balho e da ele­vação dos di­reitos la­bo­rais e so­ciais como forma de com­bater as sig­ni­fi­ca­tivas de­si­gual­dades e de fazer o ca­minho para a eman­ci­pação so­ci­o­e­co­nó­mica das mu­lheres. O re­púdio pelo au­mento da vi­o­lência contra as mu­lheres, no con­texto dos nú­meros dra­má­ticos da vi­o­lência contra as mu­lheres, que as 11 mu­lheres as­sas­si­nadas no nosso país desde o inicio do ano per­so­ni­ficam. Ou a afir­mação da pros­ti­tuição como uma «grave forma de vi­o­lência e ex­plo­ração», as­sume par­ti­cular re­le­vância ante as ini­ci­a­tivas de re­gu­lação da pros­ti­tuição.

Esta re­so­lução cons­titui um im­por­tante con­tri­buto na con­si­de­ração do con­junto de po­lí­ticas e me­didas que efec­tivem o com­bate à dis­cri­mi­nação no tra­balho e na vida, ques­ti­o­nando as po­lí­ticas de di­reita e da UE, pano de fundo para as in­jus­tiças que con­ti­nuam a afectar a vida de mi­lhões de mu­lheres. Cons­titui igual­mente um exemplo da ac­tiva e firme in­ter­venção dos de­pu­tados no PCP em de­fesa dos di­reitos da mu­lher, lu­tando por outra po­lí­tica de pro­gresso e jus­tiça so­cial que es­teja cen­trada na de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do povo.




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