Reler Dimitrov

Filipe Diniz

Foi criada há um século a III Internacional (IC-Comintern). O seu trajecto histórico (1919-1943) é épico, seja no que acertou, seja no que errou. Uma das suas maiores figuras é Georgy Dimitrov, cujo relatório ao VII Congresso (1935) é um dos grandes documentos na história do Movimento Comunista. A sua releitura surge quase como obrigatória nos dias de hoje, quando por todo o lado se regista o recrudescimento do fascismo.

Analisa os processos que alimentam o ascenso do fascismo e a sua tomada do poder. Se, por um lado, «não se trata de uma vulgar substituição de um governo burguês por um outro, mas da substituição de uma forma estatal da dominação de classe da burguesia – a democracia burguesa – por outra forma dessa dominação, a ditadura terrorista declarada», por outro lado esse ascenso é favorecido pelo longo antecedente de «medidas reaccionárias da burguesia […] que esmagam as liberdades democráticas dos trabalhadores […] acentuam a repressão contra o movimento revolucionário».

A exploração capitalista favorece o sucesso do fascismo. Este «consegue atrair as massas porque apela, de forma demagógica, às suas mais sentidas necessidades e aspirações». Aspirações e necessidades que depois esmaga com ainda maior violência.

A táctica necessária é a Frente Única. Esta significa «Em primeiro lugar, lutar em comum para fazer recair os efeitos da crise sobre os ombros das classes dominantes […]». «Em segundo lugar, lutar em comum contra todas as formas da ofensiva fascista […]». «Em terceiro lugar, lutar em comum contra o perigo iminente de uma guerra imperialista, lutar de forma a entravar a sua preparação».

Hoje como então, é sobretudo aos comunistas que cabe unir as massas numa alargada frente contra o fascismo e a ameaça da guerra imperialista.




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