Moção de censura do CDS rejeitada no Parlamento

A moção de cen­sura do CDS-PP ao Go­verno foi chum­bada, dia 20, pelas ban­cadas do PS, PCP, PEV, BE e PAN. A favor vo­taram apenas o pro­po­nente e o PSD.

O de­bate con­firmou aquilo que an­te­ci­pa­da­mente se sabia sobre esta ini­ci­a­tiva po­lí­tica, a saber: que não era para levar a sério.

Uma «en­ce­nação» mo­ti­vada pela «dis­puta do es­paço po­lí­tico com o PSD», assim a de­fi­nira já o líder par­la­mentar do PCP, logo que foi anun­ciada por As­sunção Cristas, lei­tura que a apre­ci­ação em ple­nário va­lidou ple­na­mente.

«O des­ti­na­tário desta moção de cen­sura não é o Go­verno. É prin­ci­pal­mente o PSD e aces­so­ri­a­mente o recém-criado Ali­ança, nas­cido da mesma cepa e en­ve­lhe­cido nas mesmas caves», afirmou o de­pu­tado co­mu­nista An­tónio Fi­lipe, pondo em evi­dência a na­tu­reza in­con­se­quente da ini­ci­a­tiva do CDS, a quem acusou de ter «pe­sadas res­pon­sa­bi­li­dades» pela si­tu­ação a que o go­verno a que per­tenceu con­duziu o País: cortes a eito em di­reitos, sa­lá­rios e pen­sões, au­mento da po­breza e acen­tu­ação das de­si­gual­dade, ca­minho que teria pros­se­guido se não lhe ti­vesse sido cor­tado o passo pelo povo nas elei­ções de 2015.

Di­fe­renças de fundo

Num de­bate em que o CDS es­gotou as mu­ni­ções na ten­ta­tiva de de­mons­trar o «es­go­ta­mento» do Exe­cu­tivo, não faltou também o fa­la­cioso dis­curso – o PSD é também useiro e ve­zeiro em re­correr a ele, diga-se – sobre a apro­vação pelo PCP dos or­ça­mentos do Es­tado, vi­sando com isso im­putar-lhe res­pon­sa­bi­li­dade no plano da acção go­ver­na­tiva – que não tem.

«Apro­vámos sim, or­ça­mentos que se tra­du­ziram em me­lho­ra­mentos sig­ni­fi­ca­tivos para as con­di­ções de vida do povo por­tu­guês e que não obs­tante in­su­fi­ci­ên­cias que sempre as­si­na­lámos, ti­veram efeitos po­si­tivos para a eco­nomia por­tu­guesa e des­men­tiram as pre­vi­sões ca­tas­tro­fistas do PSD e do CDS», ri­postou An­tónio Fi­lipe.

Es­ta­be­le­cida por si foi, aliás, a «di­fe­rença es­sen­cial» que se­para o PCP de CDS e PSD re­la­ti­va­mente à po­lí­tica do Exe­cu­tivo: «O PCP con­vergiu com o Go­verno em tudo quanto o Go­verno fez de bom. O CDS con­vergiu com o Go­verno PS em tudo o que o Go­verno fez de mau, e es­teve sempre com o PS quando se tratou de im­pedir a apro­vação das pro­postas do PCP que te­riam um im­pacto po­si­tivo para os tra­ba­lha­dores o povo».

«Sim, nós temos ra­zões para cri­ticar o Go­verno, mas não são as ra­zões do CDS», en­fa­tizou o par­la­mentar co­mu­nista, dei­xando claro que «o que para o CDS é mo­tivo de cen­sura» cons­titui «mo­tivo de or­gulho» para o PCP. É disso exemplo, frisou, a con­tri­buição de­ci­siva que foi dada para «travar a po­lí­tica de em­po­bre­ci­mento e es­bulho de­fi­ni­tivo de di­reitos que o CDS pre­tendia pros­se­guir a partir do go­verno».

«O PCP não cala as suas crí­ticas ao Go­verno PS, mas, ao con­trário do CDS, não quer que o País ande para trás. Os avanços que se ve­ri­fi­caram nestes três anos e meio não podem voltar para trás, pelo con­trário. É pre­ciso avançar no in­ves­ti­mento pú­blico, avançar contra as im­po­si­ções de Bru­xelas, avançar na re­po­sição e na con­quista de di­reitos pelo tra­ba­lha­dores e pelo povo», de­fendeu An­tónio Fi­lipe, iden­ti­fi­cando o ca­minho que é apon­tado pelo PCP.




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