Maré de greves nos EUA

António Santos

Au­menta ex­po­nen­ci­al­mente o nú­mero de greves anun­ci­adas e a de­correr nos EUA. Os pro­fes­sores da Vir­gínia Oci­dental, de Denver e de Oa­kland, os ope­rá­rios da Ge­neral Mo­tors, no Ohio, os en­ge­nheiros da Wabtec, na Pen­sil­vânia, ou os mo­to­ristas de au­to­carros DASH na Vir­gínia, são apenas al­guns exem­plos da­quilo a que, na se­mana pas­sada, um edi­to­rial do Washington Post cha­mava de «onda gre­vista».

A luta do pro­le­ta­riado es­tado-uni­dense in­ten­si­fica-se num mo­mento em que os jor­nais eco­nó­micos re­ju­bilam com as fa­ça­nhas de Trump. Após dez anos de cres­ci­mento eco­nó­mico con­se­cu­tivo, os ní­veis de con­cen­tração da ri­queza su­pe­raram o re­corde his­tó­rico dos anos vinte do sé­culo pas­sado. Trump pode gabar-se de uma taxa ofi­cial de de­sem­prego in­fe­rior a quatro por cento, mas ob­vi­ando que quatro quintos dos novos postos de tra­balho cri­ados estão abaixo da média sa­la­rial na­ci­onal.

No mesmo sen­tido, a pro­du­ti­vi­dade pros­segue um cres­cendo de três dé­cadas, a des­peito dos sa­lá­rios pra­ti­ca­mente es­tag­nados. O mi­lagre eco­nó­mico de Trump para mul­ti­plicar os lu­cros não é mais que o velho truque do ca­pi­ta­lismo: au­mentar a ex­plo­ração do tra­balho, re­duzir di­reitos.

Sem sur­presas, as greves que agora efer­vescem de Nova Iorque a São Fran­cisco, e que alas­tram porque pro­duzem re­sul­tados, têm em comum o pro­testo contra os cortes sa­la­riais, contra o au­mento dos ho­rá­rios de tra­balho, contra a pre­ca­ri­zação dos vín­culos la­bo­rais e contra a re­ti­rada das pro­tec­ções na ve­lhice e na do­ença. Todo um tra­tado eco­nó­mico que se es­pelha também no or­ça­mento fe­deral co­zi­nhado por Trump para o pró­ximo ano fiscal: em­prés­timos mi­li­o­ná­rios a custo zero para os grandes grupos eco­nó­micos; mais cinco por cento para as forças ar­madas; menos 845 mil mi­lhões para o pro­grama de saúde Me­di­care; mais 8,6 mil mi­lhões para o muro na fron­teira com o Mé­xico; menos 31 por cento para o Am­bi­ente; menos 14% para o In­te­rior. Eis a re­ceita de Trump para o cres­ci­mento rá­pido: po­breza, des­truição do meio-am­bi­ente, guerra e de­si­gual­dade. Mas não foi o mag­nata, claro está, o in­ventor. Trump é me­ra­mente o sin­toma. O ca­pi­ta­lismo é a do­ença. O so­ci­a­lismo é a cura.




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