Apagão

Manuel Rodrigues

Um ataque cibernético perpetrado na quinta-feira, dia 7, contra o sistema automatizado de controlo da central hidroeléctrica de El Guri (a maior da América Latina e a quarta maior do mundo) deixou sem electricidade cerca de 80% do território venezuelano por um considerável período de tempo. Tratou-se de uma acção preparada para desestabilizar a Venezuela que só não teve consequências mais graves porque foram tomadas medidas pelo Governo bolivariano de activação de todos os organismos de segurança e do sistema de defesa integral e de gestão de riscos do país.

Restabelecido paulatinamente o serviço eléctrico nas regiões afectadas, ou seja, «ligados os fios da electricidade», ligam-se agora os fios da trama e começa a perceber-se quem são e o que pretendem os autores morais e materiais da criminosa acção de sabotagem que, em nome de um projecto de destruição da soberania venezuelana, não olham a meios para atingir os seus fins.

De facto, três minutos após a acção de sabotagem, o senador norte-americano Marco Rubio publicou um tweet dando nota de que o sistema de controlo automatizado de apoio da central hidroeléctrica de Guri tinha falhado. Como soube Rubio de tal falhanço, se, na verdade, já não há bruxas e, na verdade, ainda ninguém mais o sabia?...

No mesmo dia, o presidente fantoche e golpista Guaidó publicou um outro tweet afirmando que «para a Venezuela é claro que a luz chega com o fim da usurpação» [referindo-se a Nicolás Maduro]. Que estranha ligação é esta entre a partida de Maduro e a chegada da luz, que o presidente-fantoche tão conspirativa, luminosa e categoricamente assegurou?...

Finalmente, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, foi ainda mais claramente luminoso no plano de intenções, ao escrever no Tweeter: «Não há comida. Não há medicamentos. Agora, não há luz. A seguir, não haverá Maduro.»

Mesmo às escuras, tudo fica tão claro! Repete-se o guião de um filme que podia ter o título: «o imperialismo não desarma».

Derrotada a última intentona, fica a interrogação sobre qual vai ser o próximo acto terrorista, com fantoches ou sem eles.




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