Pela Paz! Não à NATO!

Pedro Guerreiro

Viver em paz é um di­reito de todos os povos

Têm tanto de con­fran­gedor quanto de pre­o­cu­pante a de­cla­ração dos mi­nis­tros de ne­gó­cios es­tran­geiros e as di­versas in­ter­ven­ções pro­fe­ridas pelos res­pon­sá­veis da NATO, a 4 de Abril pas­sado, por oca­sião dos 70 anos deste bloco po­lí­tico-mi­litar.

É con­fran­gedor o nível da hi­po­crisia, da men­tira e da ocul­tação a que pú­blica e ci­ni­ca­mente se en­tre­garam (e en­tregam) para de­turpar a his­tória, dis­si­mular o ca­rácter agres­sivo e fazer es­quecer as cri­mi­nosas guerras de agressão da NATO e as suas bru­tais e he­di­ondas con­sequên­cias.

Os exem­plos po­de­riam ser muitos… Nem uma pa­lavra sobre o seu apoio aos ter­ro­ristas do UCK e a guerra de agressão contra a Ju­gos­lávia, país na Eu­ropa que re­jei­tava a sua adesão à NATO e à União Eu­ro­peia. Nem uma pa­lavra sobre as con­sequên­cias da guerra de agressão ao Afe­ga­nistão e a in­ter­mi­nável pre­sença da NATO neste país da Ásia cen­tral. Nem uma pa­lavra sobre a guerra de agressão ao Iraque, que expôs mo­men­ta­ne­a­mente in­te­resses dis­cre­pantes quanto a este país do Médio Ori­ente no seio da NATO. Nem uma pa­lavra sobre a guerra de agressão à Líbia e a des­truição deste país do Norte de África. Nem uma pa­lavra sobre o seu apoio aos grupos ter­ro­ristas, a guerra de agressão à Síria e a ocu­pação de parte deste país do Médio Ori­ente. Nem uma pa­lavra sobre as mo­nu­men­tais e re­cor­rentes cam­pa­nhas de pro­vo­cação e vil men­tira que pro­ta­go­niza. Nem uma pa­lavra sobre o seu imenso rol de ile­ga­li­dades, a sua sis­te­má­tica afronta à Carta das Na­ções Unidas e ao di­reito in­ter­na­ci­onal, o seu mais vi­o­lento des­res­peito pelos di­reitos hu­manos, pela li­ber­dade, pela so­be­rania, pela de­mo­cracia. Nem uma pa­lavra sobre a bar­bárie, sobre as muitas cen­tenas de mi­lhares de mortos, sobre o imen­su­rável so­fri­mento, sobre a co­lossal des­truição e sobre o saque, pelos quais é res­pon­sável…

São hi­pó­critas, mentem e ocultam, pre­ten­dendo fazer es­quecer as res­pon­sa­bi­li­dades da NATO, porque a sua in­tenção é não só con­ti­nuar, como ins­tigar a sua acção be­li­cista e agres­siva. Para tal con­ti­nuam a brandir com a ameaça do ter­ro­rismo, que eles pró­prios ci­ni­ca­mente es­ti­mulam e apoiam de forma ins­tru­mental; fo­mentam o mais des­ca­rado cerco, con­fronto e pro­vo­cação contra a Fe­de­ração Russa, ao mesmo tempo que ci­ni­ca­mente uti­lizam as contra-me­didas que esta tem sido com­pe­lida a adoptar para as apre­sentar como uma «ameaça»; o rol de mis­ti­fi­ca­ções é in­fin­dável… como acon­tece contra a Ve­ne­zuela.

Mar­cada por cres­centes con­tra­di­ções – no­me­a­da­mente as que, sendo ex­pressão do apro­fun­da­mento da crise es­tru­tural do ca­pi­ta­lismo e do com­plexo pro­cesso de re­ar­ru­mação de forças que tem lugar ao nível in­ter­na­ci­onal, se evi­den­ciam pe­rante a exi­gência dos EUA da su­bor­di­nação dos seus ali­ados aos seus in­te­resses –, a NATO pro­move o seu alar­ga­mento e a am­pli­ação da sua área de in­ter­venção; fo­menta a cor­rida aos ar­ma­mentos; des­vin­cula-se de im­por­tantes tra­tados e acordos que têm em vista o de­sa­nu­vi­a­mento das re­la­ções in­ter­na­ci­o­nais e o de­sar­ma­mento; in­cre­menta a sua po­lí­tica de con­fron­tação, de in­ge­rência, de pro­vo­cação, de agressão e de guerra.

Não haja equí­vocos. A pre­o­cu­pante e pe­ri­gosa es­ca­lada agres­siva do im­pe­ri­a­lismo, de que a NATO é ins­tru­mento fun­da­mental, só pode in­qui­etar e mo­bi­lizar todos quantos se opõem à guerra, todos quantos con­si­deram que viver em paz é um di­reito fun­da­mental de todos os povos.

 



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