MAIO DE LUTA E CONFIANÇA

«Avançar é preciso, com os valores de Abril no horizonte»

Foram de grande dimensão, diversidade, profundidade e impacto as comemorações do 45.º aniversário do 25 de Abril, com um vasto conjunto de actividades por todo o País. Destaca-se o desfile da Avenida da Liberdade em Lisboa e as iniciativas de inauguração da primeira fase do Museu da Resistência e da Liberdade no Forte de Peniche, particularmente o desfile promovido pela URAP no dia 27 de Abril, dia do 45.º aniversário da libertação dos presos políticos, com a participação de milhares pessoas.

Registam-se igualmente as comemorações institucionais com a Sessão Solene na Assembleia da República e as múltiplas iniciativas promovidas pelo PCP e pela CDU, por diversas autarquias e por um número diversificado de entidades, sobretudo do movimento associativo e popular.

Foram comemorações que, pelo seu profundo significado, se constituíram como viva e dinâmica expressão da vontade colectiva de um povo que afirma e projecta os valores de Abril na sua luta de todos os dias por um Portugal democrático, independente e soberano, de liberdade e progresso social.

Mas as comemorações do 25 de Abril que acabámos de viver foram também a demonstração da exigência do povo português de que é necessário avançar pelos caminhos abertos por Abril e não andar para trás como pretendem forças e sectores reaccionários que, aproveitando e subvertendo o significado desta data, tudo fizeram para evidenciar o seu anticomunismo e reafirmar velhos objectivos de subversão da Constituição da República Portuguesa. Ao mesmo tempo, o grande capital, através dos órgãos da comunicação social que detém e controla, tenta diminuir ou apagar a grandiosa expressão de massas destas comemorações.

No seguimento das comemorações do 25 de Abril e em dialéctica articulação com elas, as comemorações do 1.º de Maio, grande jornada de luta promovida pela CGTP-IN, desenvolveram-se com a expressiva participação e combatividade de centenas de milhares de trabalhadores em quarenta localidades do País, com destaque para Lisboa e para o Porto. As comemorações desenvolveram-se em torno das reivindicações dos trabalhadores portugueses que, ao longo do ano, tantas lutas motivaram nas empresas, locais de trabalho e sectores por salários, incluindo o Salário Mínimo Nacional, pelo combate à precariedade, pela redução dos horários de trabalho e contra a sua desregulação. Nestas comemorações foi colocada com grande força a exigência do aumento dos salários para todos os trabalhadores, da valorização das profissões e carreiras profissionais, incluindo o aumento do salário mínimo nacional para 850 euros, bem como da revogação das normas gravosas da legislação laboral.

As comemorações do 25 de Abril e do 1.º de Maio constituíram uma poderosa manifestação de força, determinação e confiança dos trabalhadores e do povo português em defesa dos seus direitos e por uma política alternativa que, rompendo com mais de quatro décadas de política de direita conduzida por sucessivos governos do PS, PSD e CDS, faça dos valores de Abril a sua inspiração e coloque a valorização do trabalho e dos trabalhadores no seu centro. Constituíram de igual modo uma manifestação da sua firme disposição para prosseguir a luta por tais objectivos com evidente confiança no futuro.

É sob o efeito positivo deste impacto, que, ao longo do mês de Maio, vai prosseguir a campanha da CDU para as eleições para o Parlamento Europeu, as primeiras eleições do exigente ciclo eleitoral que este ano terá lugar e que culminará com as eleições para a Assembleia da República em Outubro. A CDU desenvolve e intensifica a sua campanha de massas, contactando, esclarecendo e mobilizando para o apoio à Coligação PCP-PEV, condição essencial para avançar nas respostas aos problemas dos trabalhadores, do povo e do País.

Do mesmo modo, o reforço do PCP constitui uma condição decisiva para garantir o desenvolvimento soberano e o progresso do País.

E, tal como no passado a luta foi imprescindível para derrotar o fascismo e para abrir na vida do País um novo período histórico marcado pela liberdade e pelo progresso social; tal como a luta foi decisiva para resistir à política de direita e para garantir os avanços conseguidos nos últimos quase quatro anos nas condições de vida do povo português, também hoje a luta se revela indispensável para avançar nos direitos e para garantir um Portugal democrático, de progresso e justiça social, numa Europa de cooperação, de progresso e de paz.

E, se as comemorações do 25 de Abril e do 1.º de Maio mostram a importância da luta organizada para avançar, há igualmente razões para a confiança de que, pela luta, reforçando o PCP e dando mais força à CDU, conseguiremos pôr de pé a alternativa política patriótica e de esquerda imprescindível à afirmação de um Portugal com futuro.

Lembrando os versos de Ary dos Santos, reafirmamos que «o que é preciso é termos confiança / se fizermos de Maio a nossa lança / isto vai meus amigos isto vai».