O antigo presidente Lula da Silva afirmou que o Brasil finalmente conhecerá a verdade, aludindo à publicação de mensagens entre o ex-juiz Sérgio Moro e procuradores da operação Lava-Jato.

«Sempre disse que Moro é mentiroso. Disse no primeiro testemunho que fiz, está gravado, que ele estava condenado a condenar-me», lembrou Lula numa entrevista aos jornalistas Juca Kfouri e José Trajano, transmitida pela TVT, de S. Paulo.

O sítio digital The Intercept divulgou comprometedoras mensagens entre Moro, que condenou Lula por supostos actos de corrupção, e Deltan Dallagnol, o principal procurador da Lava-Jato. O portal denuncia que essas gravações «demonstram que o actual ministro [da Justiça e Segurança Pública] intrometeu-se no trabalho do Ministério Público – o que é proibido – e foi bem recebido, actuando de maneira informal como auxiliar da acusação».

Para Lula, o objectivo de Moro e Dallagnol foi impedir a sua participação nas eleições presidenciais de 2018. «Se eu pudesse participar do debate na televisão, se eu pudesse participar num comício, a oportunidade seria muito maior», considerou.

Entretanto, dirigentes dos partidos de oposição ao governo Bolsonaro (PCdoB, PT, PDT, PSB, PSOL e PCB) reuniram-se em Brasília para tratar de acções imediatas referentes ao escândalo das mensagens divulgadas pelo The Intercept.

Os líderes políticos defenderam a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para investigar a conduta do então juiz Sérgio Moro, do procurador Deltan Dallagnol e de outros membros do Ministério Público Federal durante a operação Lava-Jato.

De acordo com a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, os factos revelados por The Intercept configuram graves violações à Constituição do Brasil, comprometendo a imparcialidade e a legitimidade dos processos contra Lula.