1814 – Os fuzilamentos de 3 de Maio

A tela Os fu­zi­la­mentos de 3 de Maio na mon­tanha do Prín­cipe Pío de Ma­drid, de Goya, é um dos ex­po­entes da pin­tura es­pa­nhola e uni­versal. Pin­tada du­rante a Guerra da In­de­pen­dência (con­flito ocor­rido entre 1808 e 1814, no con­texto das guerras na­po­leó­nicas, vi­sando ins­talar no trono es­pa­nhol o irmão de Na­po­leão, José Bo­na­parte), faz parte dos cha­mados De­sas­tres da guerra, con­junto de tra­ba­lhos de valor ines­ti­mável. A in­ten­si­dade dra­má­tica aí re­tra­tada, a an­te­cipar o ex­pres­si­o­nismo, de­corre da brutal re­a­li­dade tes­te­mu­nhada por Goya, como consta do re­lato do seu ser­vidor Isidro: «Fomos à mon­tanha do Prín­cipe Pío, onde ainda es­tavam in­se­pultos os po­bres fu­zi­lados. Era uma noite de luar (...) Sen­tando-se num bar­ranco, a cujos pés es­tavam os mortos, o meu amo abriu a pasta, co­locou-a sobre os jo­e­lhos e es­perou que a Lua atra­ves­sasse uma nuvem es­cura que a ocul­tava (...) pre­pa­rando o lápis e o cartão (...) No meio de charcos de sangue vimos uma data de ca­dá­veres, uns de boca para baixo, ou­tros de boca para cima, este na po­sição de quem beija a terra de jo­e­lhos, aquele com a mão le­van­tada...». A obra, que para além da sua ex­ce­lência ar­tís­tica per­ma­nece como um sím­bolo da vi­o­lência e cru­el­dade de que o ser hu­mano é capaz, está no Museu do Prado, em Ma­drid.