O Movimento Operário e Sindical no Distrito de Aveiro (1900-2016)
O autor confronta o passado e o presente, procurando encontrar relações de causa e efeito
A 19 de Junho, na Biblioteca Municipal de Aveiro, pelas 15 horas, foi apresentado o livro O Movimento Operário e Sindical no Distrito de Aveiro (1900-2016), de autoria de Joaquim Almeida da Silva. Na apresentação do livro intervieram, pela União de Sindicatos de Aveiro, intervieram o seu coordenador, Adelino Nunes, e Joana Dias, da Comissão Executiva. A professora e presidente da Assembleia-geral do Sindicato dos Professores do Norte, Manuela Antunes da Silva, fez a apresentação do conteúdo do livro, tendo igualmente intervindo Rui Mota, em nome da Editora Página a Página, e o próprio autor.
Encerrou a sessão João Torres, em representação da Comissão Executiva da CGTP-IN, que contextualizou o momento político-sindical, referindo a importância da luta e apelando à participação na Manifestação Nacional promovida pela CGTP-IN no próximo dia 10 de Julho. Seguiu-se uma sessão de autógrafos pelo autor.
Este livro é um estudo minucioso sobre o sindicalismo, feito de muita pesquisa, em que o autor vai em busca dos possíveis motivos que expliquem a forma como evoluiu o sindicalismo no distrito, fazendo, aliás, várias reflexões em que confronta o passado e o presente, procurando neles encontrar relações de causa e efeito.
Trata-se de um estudo pioneiro, por ser o primeiro que se debruça sobre o sindicalismo de um distrito, dividido em «quatro áreas fundamentais». Uma primeira sobre as associações de carácter popular e mutualista; em seguida sobre as associações de classe e sindicatos, criados entre 1900 e o golpe de Estado de 28 de Maio de 1926; depois o período dos sindicatos corporativos, de 1933-1974, impostos pela ditadura fascista; e por fim o papel e a actividade desenvolvida pela União dos Sindicatos de Aveiro/ CGTP-IN desde a sua fundação, em 1974, até ao X Congresso, de 25 de Maio de 2016.
Aqui são nomeadas as organizações, os homens e mulheres que lhes deram corpo e forma, não faltando relatos de experiências exemplares, feitas de vitórias e derrotas, que marcaram a vida e a luta dos trabalhadores e trabalhadoras.
Unidade, autonomia, democracia
Com o 25 de Abril é criada a União de Sindicatos de Aveiro e em Agosto de 1975 feito o registo dos seus Estatutos no Ministério do Trabalho: estes definem como princípios fundamentais a unidade e a unicidade sindical, a independência relativamente ao patronato, ao governo, a partidos políticos, instituições religiosas ou quaisquer agrupamentos de natureza não sindical, o exercício da democracia sindical, o direito de todos se filiarem nos sindicatos, sem distinção de opiniões políticas, conceções filosóficas ou crenças religiosas.
No livro, o autor desenvolve, de forma bastante detalhada, as consequências da divisão sindical no distrito, decorrente da alteração à Lei Sindical feita pelo governo do PS, facilitando a constituição de sindicatos com meia dúzia de assinaturas, que estimulou o aparecimento de vários sindicatos paralelos e da própria UGT, e como encontrou, aqui, o ambiente propício, dadas as características conservadoras do distrito e as fragilidades da consciência de classe, política e sindical de muitos trabalhadores.
Explica, igualmente de forma detalhada, como a União de Sindicatos de Aveiro/CGTP-IN sempre se preocupou em adaptar a organização sindical aos contextos e à necessidade da luta, privilegiando a acção reivindicativa nas empresa e locais de trabalho, defendendo os trabalhadores contra a exploração, motivando a sua participação nas lutas, zelando pela autonomia e independência do movimento sindical em relação às forças do capital e pela unidade do Movimento Sindical Unitário, enquanto expressão da sua natureza de classe, autonomia e independência.