Jovens trabalhadores exigem direito ao futuro em Encontro Nacional

DI­REITOS A CGTP-IN re­a­lizou no dia 26 de Junho, no Hotel Roma, em Lisboa, um En­contro Na­ci­onal de Jo­vens Tra­ba­lha­dores, no qual par­ti­ci­param di­ri­gentes, de­le­gados e ac­ti­vistas sin­di­cais.

A acção sin­dical junto dos jo­vens tra­ba­lha­dores é ta­refa cen­tral

O en­contro, que de­correu sob o lema «Or­ga­nizar os Jo­vens Tra­ba­lha­dores, Re­forçar a In­ter­jovem e os Sin­di­catos, Avançar na Luta», cul­minou num des­file até ao Mi­nis­tério do Tra­balho, onde foi en­tregue a re­so­lução apro­vada pelas de­zenas de jo­vens pre­sentes. Na base da con­vo­cação do en­contro es­teve a ne­ces­si­dade de de­bater o re­ju­ve­nes­ci­mento da es­tru­tura sin­dical, num mo­mento em que a ins­ta­bi­li­dade la­boral não deixa de se re­per­cutir na or­ga­ni­zação e mo­bi­li­zação dos jo­vens tra­ba­lha­dores.

Em nota emi­tida no dia 27 re­fe­rente ao en­contro da vés­pera, a CGTP-IN lem­brava que desde a úl­tima Con­fe­rência da In­ter­jovem, e por mo­tivos di­versos (onde se in­clui a emi­gração), «vá­rios mem­bros da sua Di­recção Na­ci­onal saíram dos res­pec­tivos sec­tores pro­fis­si­o­nais, fra­gi­li­zando-se, assim, a li­gação a esses sec­tores e re­giões de origem, por via da es­tru­tura cen­tral da In­ter­jovem». En­tre­tanto, e em sen­tido oposto, há hoje sete mem­bros da di­recção da In­ter­jovem que, «não o sendo à data da úl­tima Con­fe­rência, são ac­tu­al­mente di­ri­gentes sin­di­cais aos mais va­ri­ados ní­veis». Esta re­a­li­dade deixou evi­dente o papel de re­ju­ve­nes­ci­mento da es­tru­tura que tem a «in­ter­venção junto dos jo­vens tra­ba­lha­dores e o tra­balho da In­ter­jovem».

Para a In­ter­sin­dical, impõe-se «de­sen­volver mais ac­ti­vi­dade e criar e di­na­mizar mais e me­lhor as co­mis­sões de jo­vens, ga­ran­tindo a sua ar­ti­cu­lação, en­vol­vi­mento e acom­pa­nha­mento por parte das di­rec­ções das or­ga­ni­za­ções sin­di­cais de onde emanam».

Mais e me­lhor tra­balho

A re­so­lução re­alça que os jo­vens con­ti­nuam a ser os mais afec­tados pelo de­sem­prego, pelos baixos sa­lá­rios e pela pre­ca­ri­e­dade e, ao mesmo tempo que va­lo­riza as me­lho­rias ve­ri­fi­cadas ao nível da cri­ação de em­prego, re­corda que a qua­li­dade dos postos de tra­balho caiu, o re­curso a em­presas de tra­balho tem­po­rário con­tinua a ser pre­o­cu­pante e a li­geira su­bida dos sa­lá­rios con­tinua não fazer face à perda de poder de compra ve­ri­fi­cado nos quatro anos de go­verno PSD/​CDS-PP.

A este ce­nário soma-se a ac­tu­ação do ac­tual Go­verno do PS que, com as suas pro­postas de al­te­ração do Có­digo de Tra­balho, pre­tende per­pe­tuar a ca­du­ci­dade da con­tra­tação co­lec­tiva e o fim do tra­ta­mento mais fa­vo­rável do tra­ba­lhador, ao mesmo tempo que visa ins­ti­tu­ci­o­na­lizar a pre­ca­ri­e­dade e a des­re­gu­lação das re­la­ções de tra­balho.

Os jo­vens tra­ba­lha­dores exigem, na re­so­lução en­tregue, «em­prego se­guro, es­tável e com di­reitos»; a eli­mi­nação da pre­ca­ri­e­dade, «fa­zendo cor­res­ponder a cada posto de tra­balho per­ma­nente um vín­culo de tra­balho efec­tivo»; o au­mento geral dos sa­lá­rios, o es­ta­be­le­ci­mento do sa­lário mí­nimo na­ci­onal nos 850 euros e o fim das dis­cri­mi­na­ções sa­la­riais; a se­mana de 35 horas de tra­balho normal para todos os tra­ba­lha­dores.

De igual forma re­clamam me­lhores con­di­ções de tra­balho, que anulem as si­tu­a­ções de ritmos in­tensos, pres­sões, re­pres­sões e exaustão fí­sica e psi­co­ló­gica no tra­balho, e o fim da ca­du­ci­dade dos con­tratos co­lec­tivos de tra­balho.

Ao mesmo tempo, as pre­o­cu­pa­ções dos jo­vens tra­ba­lha­dores, ex­pressas na re­so­lução, também se voltam para as ques­tões da ha­bi­tação e dos ser­viços pú­blicos, exi­gindo-se po­lí­ticas que po­nham termo à es­pe­cu­lação imo­bi­liária e que travem a ca­rência de es­tru­turas pú­blicas de apoio à fa­mília.

A re­so­lução ter­mina com um repto à par­ti­ci­pação de todos os tra­ba­lha­dores na ma­ni­fes­tação con­vo­cada pela CGTP-IN para o pró­ximo dia 10 de Julho, às 14h30, na Praça da Fi­gueira, em Lisboa, contra as normas gra­vosas da le­gis­lação la­boral e a ro­posta de lei do Go­verno do PS que a al­tera para pior.




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