Espaço Central da Festa do Avante! celebra 45 anos da Revolução de Abril

RE­VOLUÇÃO No ano em que se co­me­mora o 45.º ani­ver­sário do 25 de Abril, o Es­paço Cen­tral da Festa do Avante! apre­senta uma ex­po­sição in­tei­ra­mente de­di­cada ao tema, pro­jec­tando-o no pre­sente e no fu­turo.

Ce­le­brar a Re­vo­lução sig­ni­fica não es­quecer os crimes do fas­cismo

O Es­paço Cen­tral é um dos lo­cais pri­vi­le­gi­ados da Festa do Avante!, pois é ali – mais do que em qual­quer outro es­paço – que está o Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês, com os seus va­lores, as suas pro­postas o seu pro­jecto. Cons­truído de raiz ano após ano, o Es­paço Cen­tral apre­sen­tará uma con­fi­gu­ração com­ple­ta­mente nova e uma pro­gra­mação rica, com um ex­tenso con­junto de ac­ti­vi­dades e ex­po­si­ções.

Para além de duas ex­po­si­ções, a evo­ca­tiva da Re­vo­lução e outra, re­la­tiva à Cor­tiça (que o Avante! já abordou numa edição an­te­rior), es­tarão pre­sentes no Es­paço Cen­tral o Ci­ne­A­vante!, que apre­sen­tará com uma pro­gra­mação de 11 filmes e uma ofi­cina de ci­nema de ani­mação; o Café da Ami­zade, com uma ex­ce­lente vista para o Tejo; a Loja da Festa; o es­paço da im­prensa do Par­tido, onde estão re­pre­sen­tados o jornal Avante! e a re­vista O Mi­li­tante e onde será pos­sível ob­servar como eram im­pressos os jor­nais e fo­lhetos do Par­tido du­rante a re­sis­tência an­ti­fas­cista; o es­paço Adere ao PCP; e ainda dois au­di­tó­rios para de­bates, onde serão dis­cu­tidos com pro­fun­di­dade re­le­vantes ques­tões ide­o­ló­gicas e temas mar­cantes da ac­tu­a­li­dade.

A Re­vo­lução e o papel do PCP
A Re­vo­lução de Abril pôs fim à di­ta­dura fas­cista e à guerra co­lo­nial e abriu a porta a con­quistas es­sen­ciais que mar­caram – e marcam, ainda – a so­ci­e­dade por­tu­guesa. Foi a Re­vo­lução dos Cravos que con­tri­buiu para a in­de­pen­dência dos povos co­lo­ni­zados, que res­ti­tuiu a li­ber­dade ao povo por­tu­guês, con­sa­grou muitos di­reitos es­sen­ciais aos tra­ba­lha­dores e ao povo, pro­moveu mu­danças po­si­tivas nos va­lores e men­ta­li­dades, im­pul­si­onou trans­for­ma­ções eco­nó­micas e so­ciais pro­gres­sistas e abriu ca­minho à cons­trução de um Por­tugal de­sen­vol­vido.

Por tudo isto, a Re­vo­lução de Abril é um dos mais im­por­tantes acon­te­ci­mentos da His­tória de Por­tugal e da me­mória co­lec­tiva do povo por­tu­guês. Assim, ce­le­brar os 45 anos da Re­vo­lução de Abril sig­ni­fica desde logo não es­quecer os crimes e a opressão da di­ta­dura fas­cista e re­cusar as ten­ta­tivas de bran­que­a­mento e des­cul­pa­bi­li­zação do fas­cismo e da sua his­tória.

Ao mesmo tempo, re­lem­brar in­can­sa­vel­mente os va­lores de Abril é con­tra­riar o con­for­mismo e a pas­si­vi­dade e va­lo­rizar a sua ac­tu­a­li­dade e o pro­jecto li­ber­tador que com­portam, como ele­mento in­dis­pen­sável de uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, que ins­creva no fu­turo de Por­tugal uma efec­tiva de­mo­cracia po­lí­tica, eco­nó­mica, cul­tural e so­cial, ali­cer­çada na afir­mação da so­be­rania e in­de­pen­dência na­ci­o­nais.

Como forma de co­me­morar e trans­portar para o pre­sente os va­lores da Re­vo­lução do Cravos (uma entre vá­rias), o PCP irá de­dicar in­tei­ra­mente a prin­cipal ex­po­sição do Es­paço Cen­tral a esta efe­mé­ride e, so­bre­tudo, aos seus va­lores. A ex­po­sição conta com vá­rios pai­néis que abor­darão di­versas áreas es­pe­cí­ficas.

48 anos de di­ta­dura fas­cista
Lem­brar Abril é in­se­pa­rável de lem­brar os longos anos de opressão im­posta a Por­tugal pelas mãos do Es­tado fas­cista. Desde a su­pressão das li­ber­dades de ex­pressão, reu­nião, ma­ni­fes­tação e as­so­ci­ação até à proi­bição de par­tidos po­lí­ticos, per­se­gui­ções, pri­sões, tor­turas e as­sas­si­natos de opo­si­tores, foram vá­rias as formas que a di­ta­dura en­con­trou para se suster. De igual forma, foram vá­rias as con­sequên­cias do fas­cismo em Por­tugal. Dos danos hu­manos pro­vo­cados pela guerra co­lo­nial (10 000 mortos e 30 000 fe­ridos) ao grave atraso eco­nó­mico e so­cial do qual Por­tugal emergiu no ano de 1974. Um dos pri­meiros pai­néis da ex­po­sição será de­di­cado, pre­ci­sa­mente, a estas ques­tões.

Outro as­pecto que será tra­tado no Es­paço Cen­tral prende-se com o he­róico le­van­ta­mento mi­litar feito pelo MFA como um acon­te­ci­mento in­di­vi­sível de um longo pe­ríodo de re­sis­tência e de luta contra o fas­cismo. Em pa­ra­lelo, a ini­ci­a­tiva mi­litar foi desde logo acom­pa­nhada de um grande apoio e mo­vi­mento po­pular, que se con­so­lidou como um dos ali­cerces na vi­tória da de­mo­cracia sobre o fas­cismo – a Ali­ança Povo-MFA. Foi este amplo apoio po­pular que per­mitiu que muitas das con­quistas de Abril fi­zessem parte da vida quo­ti­diana do País.

Nova re­sis­tência...
Desde 1976 até 2019 estão com­pre­en­didas quatro dé­cadas de po­lí­tica de di­reita, bru­tal­mente agra­vada com o Pacto de Es­ta­bi­li­dade e Cres­ci­mento, do go­verno PS/​Só­crates, e o Pacto de Agressão das troikas na­ci­onal (PS, PSD e CDS) e es­tran­geira (FMI, UE, BCE), que o go­verno PSD/​CDS levou ainda mais longe, sub­ver­tendo gra­ve­mente va­lores e di­reitos con­quis­tados com a Re­vo­lução.

Esta sub­versão tra­duziu-se no ataque ao sis­tema pú­blico da Se­gu­rança So­cial, ao Ser­viço Na­ci­onal de Saúde e à es­cola pú­blica; na re­gressão dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores; na con­so­li­dação de um país com pro­fundas in­jus­tiças e de­si­gual­dades so­ciais, as­si­me­trias re­gi­o­nais e no ataque ao Poder Local De­mo­crá­tico. Esta será também uma das te­má­ticas abor­dadas.

Avançar é pre­ciso!
Em 2015, de­pois da der­rota do PSD e CDS-PP, com a luta dos tra­ba­lha­dores e a in­ter­venção de­ci­siva do PCP foi pos­sível abrir uma nova fase na vida po­lí­tica na­ci­onal, que der­rotou a ideia de que ao País apenas res­tava o ca­minho de ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento. Por outro lado, foi pos­sível in­ter­romper esse per­curso que se pre­tendia con­ti­nuar e as­se­gurar a de­fesa, re­po­sição e novas con­quistas nos di­reitos dos tra­ba­lha­dores e do povo, que se afir­maram como um factor de cres­ci­mento eco­nó­mico e cri­ação de em­prego.

A con­cre­ti­zação de um fu­turo de pro­gresso, de jus­tiça so­cial e de um de­sen­vol­vi­mento so­be­rano passa pela opção da con­cre­ti­zação de uma po­lí­tica ver­da­dei­ra­mente pa­trió­tica e de es­querda as­se­gu­rada e pro­posta pelas forças que com­põem a CDU. Com mais votos e mais man­datos do PCP e do PEV, já nas elei­ções de 6 de Ou­tubro, será pos­sível dar mais força aos que se co­lo­caram sempre do lado dos tra­ba­lha­dores e do povo, do lado dos va­lores e dos ideais da Re­vo­lução de Abril.

O PCP, par­tido da classe ope­rária e de todos os tra­ba­lha­dores, da luta pela li­ber­dade, pela de­mo­cracia e pelo so­ci­a­lismo, as­sume, em con­ju­gação com a luta de massas, toda a sua res­pon­sa­bi­li­dade como força pro­po­nente de um Por­tugal com fu­turo, man­tendo sempre no ho­ri­zonte da sua luta o so­ci­a­lismo e o co­mu­nismo.

Ao longo de 98 anos, en­fren­tando vá­rias di­fi­cul­dades e si­tu­a­ções de pe­rigo, co­locou sempre todas as suas forças e de­di­cação de todos os seus mi­li­tantes na con­cre­ti­zação dos ob­jec­tivos que me­lhor ser­viram o povo por­tu­guês. A ex­po­sição, como é evi­dente, não dei­xará de o re­levar.