Tancos põe a nu responsabilidades políticas e militares na degradação do exército

IN­VES­TIGAÇÃO Uma aná­lise «co­ra­josa e ri­go­rosa», com re­co­men­da­ções que não devem ser ig­no­radas, assim avalia o PCP o re­la­tório da co­missão par­la­mentar de inqué­rito sobre o furto de ma­te­rial mi­litar em Tancos.

Re­la­tório contém im­por­tantes re­co­men­da­ções

Sub­me­tida à apre­ci­ação dos de­pu­tados numa das ses­sões ple­ná­rias do pas­sado mês de Julho, a versão final do do­cu­mento foi sau­dada e va­lo­ri­zada por Jorge Ma­chado, que des­tacou o facto de a co­missão não apurar «res­pon­sa­bi­li­dades po­lí­ticas» pelo furto do ma­te­rial mi­litar, mas ter de­mons­trado «res­pon­sa­bi­li­dades po­lí­ticas e mi­li­tares na de­gra­dação do exér­cito».

«O re­la­tório res­pon­sa­bi­liza su­ces­sivos go­vernos pela de­gra­dação das con­di­ções ope­ra­ci­o­nais do exér­cito e das suas infra-es­tru­turas», afirmou o par­la­mentar do PCP.

Res­salvou, porém, que os go­vernos «não sa­biam dos pro­blemas es­tru­tu­rais de Tancos», já que a «es­tru­tura de topo do Exér­cito em­purrou com a bar­riga o pro­blema e não co­mu­nicou aos de­ci­sores po­lí­ticos».

Sobre a ope­ração clan­des­tina ilegal mon­tada pela PJM para re­cu­perar o ma­te­rial de guerra, ficou igual­mente de­mons­trado para a co­missão de inqué­rito que o «Go­verno não sabia», que «não há ne­nhum re­lato que per­mita afirmar isso». Tal como o Go­verno também «não podia evitar o furto».

O que foi apu­rado e que consta do re­la­tório é que «não ficou pro­vado que em algum mo­mento se tenha ve­ri­fi­cado qual­quer in­ter­fe­rência po­lí­tica na acção do exér­cito e na ac­ti­vi­dade da PJM».

Factos ini­lu­dí­veis

As­sen­tando em factos, o do­cu­mento aborda o «antes do furto», com aná­lise ao que correu mal e apu­ra­mento de res­pon­sa­bi­li­dades po­lí­ticas e da es­tru­tura do Exér­cito pela de­gra­dação e sua gestão das pri­o­ri­dades. Se­gundo Jorge Ma­chado, ficou claro que a «opção do Go­verno e da es­tru­tura de topo do Exér­cito sempre foi dar pri­o­ri­dade às forças na­ci­o­nais des­ta­cadas, às mis­sões NATO, com pre­juízo para a com­po­nente fixa e para a se­gu­rança».

Já sobre o mo­mento do furto, con­si­derou que a in­for­mação re­co­lhida dará um «con­tri­buto útil para a in­ves­ti­gação cri­minal em curso».

Quanto à con­clusão a que o re­la­tório chega sobre a gestão po­lí­tica do mo­mento pos­te­rior ao furto, quer por parte da hi­e­rar­quia mi­litar quer do Go­verno, Jorge Ma­chado re­jeitou que nela haja, ao con­trário do que dis­seram PSD e CDS, qual­quer «exer­cício de ilibar o Go­verno das suas res­pon­sa­bi­li­dades».

É dito de forma ta­xa­tiva que o «an­te­rior mi­nistro da De­fesa des­va­lo­rizou um do­cu­mento que lhe foi en­tregue», re­feriu o de­pu­tado co­mu­nista, ano­tando que não foi por acaso que o «mi­nistro se de­mitiu». Tal como fica claro no re­la­tório que «houve erro na gestão po­lí­tica, erro por parte da hi­e­rar­quia do exér­cito», in­sistiu, acres­cen­tando: «res­pon­sa­bi­lizar apenas um praça, um sar­gento e um ofi­cial foi um erro, ne­nhum te­nente ge­neral as­sumiu as suas res­pon­sa­bi­li­dades e o Go­verno não tomou ne­nhuma me­dida para que estes fossem res­pon­sa­bi­li­zados pelo que acon­teceu».

Para o PCP, em sín­tese, o re­la­tório contém al­gumas re­co­men­da­ções que devem ser tidas em conta no tra­balho fu­turo, «devem servir de lição, para que não volte a acon­tecer o que acon­teceu».




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