PCP questiona atribuição de fundos da UE a empresas com más práticas laborais
João Ferreira, deputado do PCP no Parlamento Europeu (PE), questionou a Comissão Europeia (CE) sobre a atribuição de fundos da União Europeia (UE) a empresas com más práticas laborais. Lembra o deputado que, em pergunta anterior, sobre os ataques aos direitos dos trabalhadores no sector das telecomunicações, na sequência dos processos de liberalização, referiu o exemplo da multinacional Altice e «as suas práticas de ataque a direitos consagrados na contratação colectiva, procurando descartar milhares de trabalhadores para intensificar a exploração dos que ficam».
A CE confirmou que a Altice recebeu financiamento do Fundo Social Europeu e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, de mais de 10 milhões de euros. Desta forma, a UE «continua a encaminhar recursos públicos, vultuosos, para empresas privadas que levam a cabo práticas laborais condenáveis e deploráveis».
Assim, João Ferreira questionou a CE no sentido de saber se está disponível para rever os critérios de atribuição de recursos do orçamento da UE, para impedir que empresas que levem a cabo más práticas laborais promovam a precariedade laboral, ataquem direitos dos trabalhadores consagrados na contratação colectiva e baixem salários, como é o caso da Altice, possam ser «premiadas» com a atribuição de recursos públicos.
Noutra pergunta escrita à CE, o deputado João Ferreira informa que, em Portugal, vários cientistas e responsáveis por unidades de investigação e desenvolvimento (I&D) têm vindo a chamar a atenção para a desigualdade existente ao nível da UE relativamente às isenções de IVA para a ciência. Consideram eles que a ciência em Portugal tem estado em desvantagem quando comparada com os seus parceiros europeus, uma vez que as instituições pagam 23% de IVA por cada compra ou serviço, enquanto que noutros países existem mecanismos de isenção ou reembolso, que gostariam de ver implementados em Portugal.
Assim, o deputado do PCP no PE quer saber se a CE tem conhecimento da diversidade de situações existente na UE a este nível e que avaliação faz desta situação.
Ajuda a Moçambique
e surto de ébola na RDC
Meses decorridos sobre a passagem do ciclone Idai, o rasto de destruição que causou é visível, nomeadamente em Moçambique, e as populações continuam a necessitar de ajuda.
A situação de insegurança alimentar é preocupante. Algumas estimativas dão conta de que Moçambique precisará ainda de aproximadamente 65 milhões de euros de apoio.
Na sequência de anterior pergunta sobre este mesmo tema, o deputado comunista João Ferreira solicitou à CE um ponto de situação sobre a ajuda atribuída e perguntou quais as perspectivas de apoio futuro a Moçambique.
Quis saber se a CE considera a possibilidade de propor um reforço das verbas canalizadas por via da ajuda ao desenvolvimento, nomeadamente via Fundo Europeu de Desenvolvimento, e se «está disponível para suscitar um debate sobre a possível anulação da dívida externa» de Moçambique.
Também em África, mas em Agosto de 2018, iniciou-se um surto de ébola na República Democrática do Congo. Onze meses depois, contabilizam-se mais de 1600 mortos confirmados.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou em Julho que o surto do vírus do ébola na República Democrática do Congo é agora uma «emergência global de saúde pública». Nessa declaração, a OMS afirma que, apesar das recomendações feitas até à data para a necessidade de mais recursos, a comunidade internacional continua sem contribuir sustentada e adequadamente com assistência técnica, recursos humanos ou financeiros.
Em Junho deste ano, a CE anunciou a mobilização de 3,5 milhões de euros para responder ao surto de ébola – dois milhões e meio de euros para o Uganda e um milhão de euros para o Sudão do Sul.
Face à emergência global de saúde pública entretanto declarada pela OMS e face às necessidades de mais recursos humanos, financeiros e técnicos, o deputado João Ferreira perguntou à CE «como e quando pretende dar resposta a esta nova situação» e «que meios adicionais vai propor mobilizar para corresponder ao alerta da OMS».