Conquistas da Fectrans em 2019 aumentam significativamente o rendimento dos trabalhadores

MOTORISTAS Estão a realizar-se em vários pontos do País contactos e plenários com trabalhadores do sector rodoviário de mercadorias para debater a renegociação do contrato colectivo, que está em curso.

O contrato colectivo assinado em 2018 pôs fim a um vazio de 20 anos

   
   

No passado fim-de-semana tiveram lugar plenários nos distritos de Aveiro, Santarém, Setúbal e Viseu e está marcado outro para Lisboa, nos próximos dias. Em debate está o processo de renegociação do Contrato Colectivo de Trabalho de 2018 (CCTV), e em particular a análise do memorando de entendimento alcançado entre a Fectrans e a associação patronal Antram e a preparação da próxima fase negocial, que tem já data marcada: 9 de Setembro.

O CCTV celebrado em 2018, em vigor este ano, pôs fim ao vazio de duas décadas que vigorou no sector em matéria de contratação colectiva. É precisamente este contrato que estipula que a renegociação anual deverá estar concluída até 30 de Setembro.

Paralelamente a todo este debate interno, a Fectrans esteve reunida na terça-feira, 27, com a Autoridade Tributária e Aduaneira, a quem solicitou mais fiscalização para garantir que o que se encontra consagrado no CCTV é efectivamente cumprido pelas empresas. Da reunião, solicitada pela federação sindical desde Fevereiro (um mês após a entrada em vigor do contrato colectivo), esta saiu preocupada com os parcos meios disponíveis para garantir essa mesma fiscalização. Amanhã, 30, a federação reúne-se com o ministro do Trabalho, Vieira da Silva.

Relativamente ao que já se encontra acordado entre a Fectrans e a Antram, o Avante! já deu destaque a muitas das matérias consagradas no Protocolo Negocial de 17 de Maio e no memorando de entendimento de Agosto. Entretanto, muita tem sido a confusão propositadamente lançada sobre estas questões, no sentido de escamotear que o acordo alcançado, resultante de uma longa e persistente luta dos trabalhadores e dos sindicatos filiados na Fectrans, alarga direitos, aumenta retribuições e clarifica matérias anteriormente ambíguas, resultando em avanços para todos os trabalhadores do sector.

Depois de, na semana passada, termos analisado globalmente o conteúdo do acordo, centramo-nos agora apenas nas matérias de remuneração fixa, recorrendo a tabelas que facilitam a percepção do que realmente se alcançou. Os valores indicados constituem os mínimos fixos sobre os quais incidem descontos para a Segurança Social, a que deverá acrescer um conjunto de rubricas variáveis, como as diuturnidades e outras, algumas das quais muito significativas no total do rendimento mensal. Dessas, só as ajudas de custo diárias não têm incidência para descontos.

Nunca é demais recordar que antes da assinatura do CCTV de 2018, o que os trabalhadores tinham garantido como retribuição base, sujeita a descontos, era apenas e só o salário mínimo nacional, que era então de 580 euros. A mais simples análise às tabelas revela o significado do que se alcançou.

Motoristas de transporte nacional (cisternas)

 

2019

2020

Aumento

%

Vencimento

630,00 euros

700,00 euros

70,00 euros

11,11%

Complemento nacional

12,60 euros

14,00 euros

1,40 euros

11,11%

Cláusula 61.ª

298,46 euros

342,72 euros

44,26 euros

14,83%

Trabalho nocturno

63,00 euros

70,00 euros

7,00 euros

11,11%

Subsídio de risco

165,00 euros

165,00 euros

mantém-se igual

mantém-se igual

Subsídio de operações

(inexistente)

125,00 euros

125,00 euros

 

Total fixo

1 169,06 euros

1 416,72 euros

247,66 euros

21,18%

 

Motoristas de transporte nacional

 

2019

2020

Aumento

%

Vencimento

630,00 euros

700,00 euros

70,00 euros

11,11%

Complemento nacional

12,60 euros

14,00 euros

1,40 euros

11,11%

Cláusula 61.ª

298,46 euros

342,72 euros

44,26 euros

14,83%

Trabalho nocturno

63,00 euros

70,00 euros

7,00 euros

11,11%

Total fixo

1 004,06 euros

1 126,72 euros

122,66 euros

21,18%

 

Acréscimo para trabalhadores do transporte nacional que façam cargas e descargas
(situações excepcionadas no CCTV)

22 dias de subs. cargas e descargas

(inexistente)

55,00 euros

55,00 euros

 

Total fixo

1 004,06 euros

1 181,72 euros

177,66 euros

17,69%

 

Motoristas do Transporte Ibérico

 

2019

2020

Aumento

%

Vencimento

630,00 euros

700,00 euros

70,00 euros

11,11%

Complemento nacional

18,90 euros

21,00 euros

2,10 euros

11,11%

Cláusula 63.ª

302,01 euros

335,56 euros

33,56 euros

11,11%

Trabalho nocturno

63,00 euros

70,00 euros

7,00 euros

11,11%

Ajudas de custo TIR

110,00 euros

110,00 euros

mantém-se igual

mantém-se igual

Total fixo

1 123,91 euros

1 236,56 euros

112,66 euros

10,02%

 

Motoristas do Transporte Internacional

 

2019

2020

Aumento

%

Vencimento

630,00 euros

700,00 euros

70,00 euros

11,11%

Complemento nacional

31,50 euros

35,00 euros

3,50 euros

11,11%

Cláusula 63.ª

309,09 euros

343,44 euros

34,34 euros

11,11%

Trabalho nocturno

63,00 euros

70,00 euros

7,00 euros

11,11%

Ajudas de custo TIR

130,00 euros

130,00 euros

mantém-se igual

mantém-se igual

Total fixo

1 163,59 euros

1 278,44 euros

114,84 euros

9,87%

 

* as cláusulas 61.ª e 63.ª, relacionadas com a prestação de trabalho suplementar, sofrem um acréscimo do seu valor e a sua nova redacção afasta qualquer relação com isenção de horário

 



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