Exposições, fórum, auditório, imprensa, arte, cinema, loja, bar, esplanada e zonas cobertas e a proximidade ao Espaço Criança, às sombras naturais e à varanda sobre o rio e o casario, são atributos que fazem do Espaço Central o local privilegiado para melhor conhecer o Partido e, dá-lo a conhecer, também.
Ainda não entraram na exposição Valores de Abril no futuro de Portugal já os visitantes são surpreendidos por vozes uníssonas exclamando Vitória! O povo unido jamais será vencido. Olhando à esquerda – que a esquerda é melhor caminho – um curto documentário projectado na parede cativa de imediato. Em uníssono as vozes, livres as gentes. Alguns dos visitantes mais velhos comentam-no aos novos que o vão guardando nos telemóveis. Juntos, uns e outros, formam braços de um rio, que parece prestes a desaguar no mar de povo-soldados ali a passar para todos. Até então, nunca um mar de povo assim tinha escolhido sair de casa, faltar ao trabalho, para encher ruas e praças e até juntar-se à porta das prisões para agarrar em vida o sonho mantido durante 48 anos. Nesse dia, 25 de Abril de 1974, ainda a Revolução dava os primeiros passos, já a determinação do povo e a coragem dos militares do MFA apontavam à unidade entre ambos e ao Sim! É possível!
Desde este momento inicial e limpo, a exposição arrebata quem a visita. E assim continuará. Apelando à reflexão e ao conhecido, os visitantes, sobretudo os jovens (como dançam nos três dias ao soar da bela Carvalhesa), vão lendo conteúdos que rasgam o silêncio daninho e a mentira caranguejola que calam a história recente e invertem-lhe os protagonistas, a favor de ideais anti-progressistas. Como os que passam nos quadros em frente.
À força da lei feroz, durante 48 anos o fascismo proibiu, censurou, reprimiu, prendeu, torturou, assassinou, colonizou e explorou.
Muitos resistiram-lhe. Mostra-o a meia centena de publicações clandestinas expostas e editadas entre 1930 e 1970, das quais destacamos aqui o primeiro Avante! saído a 15 de Fevereiro de 1931 (o mais antigo da mostra) que, tal como a maioria dos boletins presentes, já ostenta a frase Proletários de todos os Países: Uni-vos1. Também nas dezenas de fichas de presos políticos, nos documentos-áudio e, numa escultura, de um militante comunista pedalando numa bicicleta, a resistência está viva e conhece-se.
É necessário transpor duas portas abertas de par em par, para chegar à mudança e até à transformação trazidas pelas Conquistas de Abril: liberdade, eleições, fim da guerra, salário mínimo nacional, subsídios e mais direitos, reforma agrária, nacionalizações, controlo operário, entre muitas outras. Ou ver e ouvir episódios preparativos ou acontecidos a 25 de Abril contados pelos militares do MFA e pelas fotografias de Eduardo Gageiro que, juntamente com a animação 3D, potenciam a Revolução. Muitos tomam notas ou captam imagens. Visíveis nas telas, algumas das medidas pelas quais lutam os comunistas e que a serem implementadas melhoram a vida como o aumento de salários e reformas, 1% do Orçamento do Estado para a Cultura, creches gratuitas até aos 3 anos, escola pública. Todas bem revelam a importância do crescimento da CDU nas próximas eleições legislativas.
1 Proposta por Engels e Marx ao II Congresso da Liga dos Comunistas foi aí aprovada, em 1847.