Século XIII – A Cruzada das Crianças

Fantasia ou realidade? A resposta a este episódio da Idade Média e da Igreja Católica está longe de reunir consenso. Também conhecida como Cruzada dos Inocentes, a Cruzada das Crianças terá sido a resposta à lenda, surgida após as sucessivas derrotas dos Cruzados na tentativa de retomar Jerusalém, de que o Santo Sepulcro só poderia ser conquistado aos muçulmanos pelos «puros de coração», ou seja crianças, os únicos ainda isentos de pecado. Segundo as versões mais populares, um jovem pastor chamado Estevão de Cloyes, tido como milagreiro, junta-se a religiosos e peregrinos em Saint Denis, França, e prega a realização de uma cruzada de puros e inocentes. Milhares de crianças terão aderido à causa e dois mercadores ofereceram-se para os levar de navio até à Terra Santa. Alguns historiadores admitem no entanto que não seriam apenas crianças mas também camponeses pobres e pessoas marginalizadas. Outros sugerem que a referência a «crianças» se deve a um erro de tradução, já que a expressão latina «pueri» que aparece nos relatos tanto pode designar «jovens» como «crianças». Seja como for, o único texto da época sobre o assunto, do religioso Albericus Trium Fontium, refere que, à chegada a Alexandria, os 700 sobreviventes da travessia foram presos e vendidos como escravos.