INTERVIR E LUTAR PARA AVANÇAR

«o que se impõe é avançar»

O Co­mité Cen­tral do PCP reuniu na pas­sada terça-feira.

Sobre os re­sul­tados das elei­ções le­gis­la­tivas do pas­sado do­mingo o Co­mité Cen­tral su­blinha que a «não ob­tenção pelo PS de mai­oria ab­so­luta, num quadro em que PSD e CDS vêem con­fir­mada a sua con­de­nação, não é por si só con­dição su­fi­ci­ente para ga­rantir um per­curso de novos e mais de­ci­sivos avanços e para pre­venir o pe­rigo de andar para trás no que se al­cançou».

«Hon­rando os com­pro­missos as­su­midos com os tra­ba­lha­dores e o povo – su­blinha o CC – o PCP não fal­tará com a sua dis­po­ni­bi­li­dade, ini­ci­a­tiva, de­ter­mi­nação e in­de­pen­dência po­lí­ticas para fazer o País e a vida dos por­tu­gueses an­darem para a frente, para lutar por uma po­lí­tica al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda que, em rup­tura com a po­lí­tica de di­reita de­sa­marre o País dos cons­tran­gi­mentos que, por opção do PS, li­mitam e im­pedem a res­posta aos pro­blemas na­ci­o­nais e às as­pi­ra­ções po­pu­lares».

É também neste quadro que o PCP re­a­firma que os votos con­fi­ados à CDU, as­so­ci­ados à luta de massas, são força que vai contar para fazer avançar as con­di­ções de vida e o de­sen­vol­vi­mento do País.

De facto, os re­sul­tados das elei­ções para a As­sem­bleia da Re­pú­blica tra­duzem, ainda que com al­te­ra­ções de po­si­ci­o­na­mento e ex­pressão elei­toral entre as forças po­lí­ticas com re­pre­sen­tação par­la­mentar, um quadro com uma re­lação de forças se­me­lhante ao de 2015, mesmo que, à ac­tual ar­ru­mação de forças no plano ins­ti­tu­ci­onal, cor­res­ponda uma con­jun­tura po­lí­tica dis­tinta.

Ficou claro nestes anos que foram dados passos na de­fesa, re­po­sição e con­quista de di­reitos, mas ficou igual­mente claro que as me­didas ne­ga­tivas que se evi­taram e os avanços ve­ri­fi­cados não são su­fi­ci­entes para a res­posta ne­ces­sária aos pro­blemas na­ci­o­nais e à con­cre­ti­zação dum Por­tugal de­sen­vol­vido e so­be­rano.

A si­tu­ação do País e a sua evo­lução nos úl­timos anos co­loca hoje, com mais força, a ne­ces­si­dade de abrir ca­minho a uma po­lí­tica que rompa com op­ções es­sen­ciais da po­lí­tica de di­reita que, apesar de con­di­ci­onadas pela com­po­sição par­la­mentar da le­gis­la­tura que agora ter­mina, o PS não aban­donou e, em as­pectos es­tru­tu­rais, pros­se­guiu. Como tantas vezes o PCP tem su­bli­nhado, a res­posta plena aos pro­blemas do País re­clama que se rompa com os in­te­resses do grande capital, co­lo­cando a va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores como ob­jec­tivo cen­tral e se rompa com a sub­missão ao euro e às im­po­si­ções da União Eu­ro­peia, afir­mando o di­reito do País a um de­sen­vol­vi­mento so­be­rano.

O que se co­loca como ne­ces­sário é a con­cre­ti­zação de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, que o PCP propõe, e que um go­verno do PS não as­se­gura.

O que se impõe, com a in­ter­venção do PCP e a luta de massas é andar para a frente, não per­mitir re­tro­cessos, designada­mente em ma­té­rias como as cha­madas «re­formas» es­tru­tu­rais que PS e PSD par­ti­lham em di­versas áreas.

Será em função das op­ções do PS, dos ins­tru­mentos or­ça­men­tais que apre­sentar e do con­teúdo do que le­gislar que o PCP de­ter­mi­nará, como sempre, o seu po­si­ci­o­na­mento, vin­cu­lado aos com­pro­missos que as­sumiu com os tra­ba­lha­dores e o povo, de­ci­dido a dar com­bate a todas as me­didas ne­ga­tivas, a todos os re­tro­cessos que o PS queira impor.

Os tra­ba­lha­dores e o povo con­ti­nu­arão a contar com a ini­ci­a­tiva do PCP na apre­sen­tação de so­lu­ções que va­lo­rizem as con­di­ções de vida e os di­reitos e, com a sua in­ter­venção, para a apro­vação de me­didas que sig­ni­fi­quem avanço.

A CDU ob­teve nestas elei­ções um re­sul­tado (329.117 votos e 12 de­pu­tados) que se traduz numa re­dução da sua ex­pressão elei­toral e do nú­mero de de­pu­tados eleitos, o que cons­titui um factor ne­ga­tivo para o fu­turo pró­ximo da vida do País.

Não se pode, en­tre­tanto, ig­norar que este re­sul­tado, idên­tico em nú­mero de de­pu­tados ao de 2002, é ob­tido no quadro po­lí­tico e ide­o­ló­gico que já havia es­tado pre­sente nas elei­ções para o Par­la­mento Eu­ropeu e que se tra­duziu na ex­pressão elei­toral então ve­ri­fi­cada.

O re­sul­tado da CDU é in­se­pa­rável da in­tensa e pro­lon­gada ope­ração de que foi alvo, sus­ten­tada na men­tira, na di­fa­mação, na pro­moção de pre­con­ceitos, no si­len­ci­a­mento ou des­va­lo­ri­zação da sua men­sagem em con­tra­ponto à pro­moção os­ten­siva de ou­tras can­di­da­turas.

Só a di­mensão da cam­panha elei­toral, cons­truída com o em­penho mi­li­tante de ac­ti­vistas da CDU, o re­co­nhe­ci­mento pela acção da co­li­gação PCP-PEV e a con­fi­ança de­po­si­tada em quem não trai com­pro­missos bem como o seu pro­fundo en­rai­za­mento junto dos tra­ba­lha­dores e do povo per­mi­tiram re­sistir a esta ofen­siva do grande ca­pital que vi­sava atingir pa­ta­mares mais ele­vados de erosão elei­toral da CDU.

É neste quadro que o PCP con­ti­nuará a in­tervir. «Num tempo mar­cado por in­cer­tezas, por pe­rigos e por po­ten­ci­a­li­dades, o Co­mité Cen­tral do PCP aponta, com con­fi­ança nos tra­ba­lha­dores e no povo, o de­sen­vol­vi­mento da luta de massas e o re­forço do Par­tido como ca­minho ne­ces­sário para a de­fesa da paz, do de­sen­vol­vi­mento e do pro­gresso, da cons­trução da al­ter­na­tiva pa­trió­tica e de es­querda, da de­mo­cracia avan­çada com os va­lores de Abril no fu­turo de Por­tugal, do so­ci­a­lismo e do co­mu­nismo».