Governo usa entidades públicas como instrumento político contra o PCP

A cam­panha contra o PCP voltou em força nos úl­timos dias, com a di­vul­gação e ins­tru­men­ta­li­zação me­diá­tica e po­lí­tica que lhe foi as­so­ciada de um re­la­tório da Ins­pecção-Geral de Fi­nanças (IGF) sobre as­pectos re­la­ci­o­nados com a gestão CDU na au­tar­quia de Al­mada. Ques­ti­o­nado sobre o as­sunto, o Se­cre­tário-geral do PCP acusou o PS de pro­curar de­ne­grir a «ho­nes­ti­dade e com­pe­tência» que é marca da acção da CDU nas au­tar­quias, e em par­ti­cular na de Al­mada ao longo de quatro dé­cadas, algo de que o PS (que agora pre­side aos des­tinos do mu­ni­cípio) não se pode de modo ne­nhum gabar.

No re­la­tório em causa, a IGF ex­tra­vasa e muito aquelas que são as suas fun­ções de ve­ri­fi­cação da le­ga­li­dade, in­va­dindo o ter­reno da ava­li­ação do «mé­rito» das po­lí­ticas im­ple­men­tadas, te­cendo ina­cei­tá­veis juízos sobre op­ções po­lí­ticas as­su­midas no quadro das com­pe­tên­cias e da au­to­nomia do poder local. É o pró­prio re­la­tório a com­prová-lo, com o exemplo que le­vanta: a prá­tica an­tiga da gestão CDU em Al­mada de va­lo­rizar e ex­pressar o re­co­nhe­ci­mento, com a oferta de um re­lógio, aos tra­ba­lha­dores do mu­ni­cípio que pre­façam 25 anos de tra­balho e en­trega ao in­te­resse pú­blico, que sig­ni­fi­ca­ti­va­mente o PS eli­minou. Esta prá­tica abrangia todos os tra­ba­lha­dores que cum­prissem este re­qui­sito, sem qual­quer tipo de ex­cepção.

Para além do re­la­tório não men­ci­onar qual­quer tipo de ir­re­gu­la­ri­dade que en­volva res­pon­sa­bi­li­dade po­lí­tica di­reta, as pró­prias ques­tões for­mais que le­vanta são, no mí­nimo, ques­ti­o­ná­veis, pois a lei que re­gula os ajustes di­rectos só impõe a con­sulta a três for­ne­ce­dores a partir de um de­ter­mi­nado valor, não ul­tra­pas­sado no caso em aná­lise. As su­ces­sivas al­te­ra­ções na le­gis­lação e a au­sência de actos re­gu­la­men­tares de muitos pro­ce­di­mentos ad­mi­nis­tra­tivos, que o Go­verno não cumpre, con­tri­buem para ex­plicar muitas si­tu­a­ções que su­cedem não só em Al­mada mas em todo o País.

A su­posta e apre­goada isenção da IGF, posta já em causa em di­versas si­tu­a­ções an­te­ri­ores por prá­ticas se­me­lhantes a esta, cai por terra também pela forma como foi con­cre­ti­zado o pro­cesso de con­tra­di­tório, que se impõe em si­tu­a­ções desta na­tu­reza. Ora, em vez de serem ou­vidos aqueles a quem são im­pu­tados os actos su­pos­ta­mente ir­re­gu­lares – ou seja, ao an­te­rior exe­cu­tivo, de mai­oria CDU –, o di­reito de con­tra­di­tório foi apenas exer­cido pela ac­tual mai­oria, do PS, cla­ra­mente in­se­rida na ope­ração di­fa­ma­tória contra o Par­tido e seus ali­ados.

Neste caso con­creto é ainda par­ti­cu­lar­mente di­fícil deixar de ob­servar a re­lação de pro­xi­mi­dade de mem­bros do Go­verno com papel pre­pon­de­rante no Mi­nis­tério das Fi­nanças, que tu­tela a acção da IGF, ao PS e a Al­mada. Da en­ti­dade fis­ca­li­za­dora da le­ga­li­dade que devia ser, a IGF tornou-se mais uma vez num ins­tru­mento de com­bate po­lí­tico.




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