Novembro de 1969 – 5000 operários em greve na Lisnave

«A classe ope­rária na ofen­siva» foi a man­chete do Avante! de De­zembro de 1969 (VI série, n.º 410), tes­te­mu­nhando um vasto con­junto de pa­ra­li­sa­ções e pro­testos em di­versas em­presas do país, «ate­ando a chama do com­bate an­ti­fas­cista». Des­taque par­ti­cular me­receu a grande greve na Lis­nave, ini­ciada no es­ta­leiro da Mar­gueira e que de­pressa alas­trou à Rocha do Conde de Óbidos, en­vol­vendo mais de 5000 ope­rá­rios. Na origem da greve está a re­cusa da ad­mi­nis­tração em sa­tis­fazer as rei­vin­di­ca­ções ope­rá­rias: au­mento geral de 25 es­cudos, pa­ga­mento de 30 dias e fim das horas ex­tra­or­di­ná­rias.

Pa­tro­nato e go­verno res­pon­deram à mo­bi­li­zação ope­rária com des­pe­di­mentos em massa e uma vi­o­lenta re­pressão, ex­pressa no cerco e ocu­pação dos es­ta­leiros pela GNR e PSP, es­pan­ca­mentos e ame­aças sobre os tra­ba­lha­dores. De ou­tras fá­bricas (CUF, Parry & Son, Ar­senal do Al­feite, Si­de­rurgia, etc.) chegou a so­li­da­ri­e­dade dos ope­rá­rios aos seus com­pa­nheiros da Lis­nave, ma­te­ri­a­li­zada por vezes em ac­ções e pro­testos.

No Avante! de Março de 1970 in­for­mava-se que a greve deu, afinal, frutos, com a ad­mi­nis­tração a ceder a al­gumas im­por­tantes rei­vin­di­ca­ções que lhe es­ti­veram na origem.