UBER: um ano depois
Cumpriu-se um ano da aplicação da chamada Lei UBER. Uma legislação que foi construída para a acomodar a entrada desta multinacional em Portugal, concorrente directa de um sector constituído maioritariamente por MPME: o táxi.
A luta dos taxistas foi dura. Desde logo, porque muito antes de haver lei, já os carros da UBER, da Cabify e outros, circulavam impunemente, sem qualquer tipo de intervenção por parte das autoridades que se limitavam a assistir à imposição de um facto consumado. Mas os taxistas, tiveram ainda de enfrentar o linchamento público - carros velhos, poluentes, motoristas mal educados e trafulhas – tudo foi dito, para desvalorizar socialmente o sector e criar um ambiente de aceitação da «nova realidade». Uma abordagem que contrastava com a imagem projectada em torno das ditas plataformas eletrónicas para transporte de passageiros (TVDE) apresentadas como um grito de modernidade contra o passado.
Com excepção do PCP, o essencial das forças políticas alinhou-se com os interesses da multinacional. Não se pode parar o vento com as mãos, diziam! A entrada em vigor da Lei UBER, com o total empenhamento do Governo PS foi mais um exemplo que comprovou o quanto submisso é hoje o poder político ao poder económico no nosso País.
A UBER conta actualmente com quatro milhões de motoristas em todo o mundo, embora apresente a proeza de apenas ter 22 mil trabalhadores ligados à empresa. Todos os outros, ou uma larga maioria, funcionam na ilusão de que são empresários. Pagam 25 % do que facturam à multinacional, compram (ou endividam-se para tal) a sua própria ferramenta de trabalho, pagam o combustível, não têm nem horários, nem rendimento fixo, e de tudo quanto facturam, 25% fica para ..a UBER! Na verdade, sem a «aplicação» que a UBER controla não têm acesso a qualquer serviço. São velhas formas de exploração com a máscara do digital.
Um ano depois, o balanço só não é mais negativo porque os fluxos turísticos disfarçaram o problema. Mas a realidade aí esta, a confirmar todos os alertas do PCP e a reclamar uma luta que está longe de ter terminado.