Negociação e luta nos transportes asseguram conquistas

AVANÇAR As­si­nado no dia 11 o novo Acordo de Em­presa da Carris, a Fec­trans vai de­fender para 2020 «a con­ti­nu­ação da va­lo­ri­zação dos sa­lá­rios». A ne­go­ci­ação pros­segue na fer­rovia e no sector ro­do­viário.

É de­ter­mi­nante a mo­bi­li­zação e in­ter­venção dos tra­ba­lha­dores

No dia 8 foi pu­bli­cado o con­trato co­lec­tivo de tra­balho (ver­tical) para o trans­porte ro­do­viário pe­sado de mer­ca­do­rias e, no dia 6, foi as­si­nado o acordo-quadro sobre cargas e des­cargas.

Dis­cri­mi­nação ven­cida

A re­visão global do AE da Carris, subs­crita em Santo Amaro pela fe­de­ração da CGTP-IN e a ad­mi­nis­tração da trans­por­ta­dora lis­boeta, «re­a­firma os di­reitos dos tra­ba­lha­dores, va­lo­riza as pro­fis­sões, me­lhora as con­di­ções sa­la­riais e de tra­balho» e ex­clui uma cláu­sula que «obri­gava os tra­ba­lha­dores não sin­di­ca­li­zados, contra a sua von­tade, a terem de pagar 0,4 por cento do sa­lário aos sin­di­catos subs­cri­tores, para po­derem aderir à res­pec­tiva con­venção».
A pro­pó­sito da as­si­na­tura deste acordo, a Fec­trans lem­brou que re­jeitou esta cláu­sula, «não ne­go­ciada e im­posta pelos sin­di­catos da UGT». A con­tes­tação ao seu con­teúdo foi mo­tivo de di­versas ac­ções junto do Go­verno e da Câ­mara Mu­ni­cipal de Lisboa, du­rante ano e meio.
O texto final é con­si­de­rado «glo­bal­mente po­si­tivo» e bas­tante para firmar «um acordo pos­sível». Em­bora a ad­mi­nis­tração tenha re­cu­sado vá­rias pro­postas da Fec­trans, no sis­tema de ava­li­ação de de­sem­penho deixam de ser con­si­de­radas como ab­sen­tismo si­tu­a­ções de au­sência mo­ti­vadas por fu­neral de fa­mi­li­ares pró­ximos, por exer­cício dos di­reitos de pa­ren­ta­li­dade, por aci­dentes de tra­balho e por usu­fruir os dias após ca­sa­mento.
«Mas os tra­ba­lha­dores têm di­reito à con­ti­nu­ação da va­lo­ri­zação dos sa­lá­rios já em 2020», afir­mando a Fec­trans e o seu sin­di­cato na em­presa (STRUP) que vão de­fender esta po­sição nas ses­sões ne­go­ciais, com início mar­cado para an­te­ontem, dia 17.
Além do au­mento sa­la­rial de 90 euros para todos os tra­ba­lha­dores, vai ser rei­vin­di­cada a atri­buição do passe so­cial me­tro­po­li­tano.

Foi já apre­sen­tada à ad­mi­nis­tração da Carris Bus (em­presa de ma­nu­tenção e re­pa­ração, criada em 2005 no uni­verso da Carris) a pro­posta de re­visão sa­la­rial para 2020, rei­vin­di­cando mais 100 euros para todos os tra­ba­lha­dores, valor que é, ainda assim, in­fe­rior à mera soma arit­mé­tica (sem factor mul­ti­pli­cador) das perdas face à in­flação re­gis­tada desde 2009.
Entre ou­tras ma­té­rias, a pro­posta da Fec­trans e do STRUP trata casos de in­cum­pri­mento do Acordo de Em­presa e a ur­gência de obras em bal­neário e ves­tiá­rios.

Es­tando em vigor, desde dia 13, o novo texto do CCTV para o sector ro­do­viário pe­sado de mer­ca­do­rias, «entra-se numa nova fase da in­ter­venção sin­dical, di­ri­gida no sen­tido da apli­cação desta nova con­venção co­lec­tiva».
É neste con­texto que a fe­de­ração alertou para o facto de uma de­cla­ração, sem iden­ti­fi­cação, que cir­cula por ge­rentes de em­presas, a in­vocar «in­vi­a­bi­li­dade eco­nó­mica», não re­pre­sentar qual­quer base legal para deixar de aplicar o CCTV, em par­ti­cular os novos va­lores sa­la­riais, que vi­goram a partir de 1 de Ja­neiro de 2020.

Ao tornar pú­blico o texto do acordo-quadro sobre cargas e des­cargas no sector ro­do­viário de mer­ca­do­rias, a fe­de­ração re­cordou que a sua ne­go­ci­ação «re­sultou de uma reu­nião em que par­ti­cipou, no dia 6 de Agosto, com a An­tram e o mi­nistro das Infra-es­tru­turas.

O prin­cípio, ex­presso no CCTV, de que não recai sobre o tra­ba­lhador mo­to­rista qual­quer dever de re­a­lizar cargas e des­cargas de mer­ca­do­rias, é re­a­fir­mado neste acordo, que deve ser apli­cado no pri­meiro se­mestre de 2020. A Fec­trans nota que, no acto de as­si­na­tura, o mi­nistro «as­sumiu pu­bli­ca­mente que, se nesta ma­téria o CCTV e agora este acordo-quadro não fun­ci­o­narem, agirá po­li­ti­ca­mente».

 

Pro­postas baixas na fer­rovia

A ad­mi­nis­tração da Medway (Grupo MSC) apre­sentou no dia 10 a sua con­tra­pro­posta de 1,8 por cento de ac­tu­a­li­zação sa­la­rial, que no ín­dice mais re­pre­sen­ta­tivo sig­ni­fica um au­mento de 16,34 euros por mês ou 54 cên­timos por dia.
Para a Fec­trans, esta po­sição pa­tronal só pode ser en­ca­rada como «um ponto de par­tida para a ne­go­ci­ação, mas mui­tís­simo baixo». «Serão os tra­ba­lha­dores, com a sua in­ter­venção, que de­ter­mi­narão o evo­luir das ne­go­ci­a­ções», alertou a fe­de­ração.

Re­la­ti­va­mente à re­visão do AE da CP, após uma reu­nião que teve dia 11 no Mi­nis­tério das Infra-es­tru­turas, a Fec­trans veio sa­li­entar que, no quadro das me­didas anun­ci­adas para o sector fer­ro­viário, «o au­mento dos sa­lá­rios é es­tra­té­gico para fixar os ac­tuais tra­ba­lha­dores, que detêm o co­nhe­ci­mento», e «criar me­lhores con­di­ções para a ad­missão de ou­tros». Cabe ao Go­verno «fazer op­ções e acabar com a “di­ta­dura” fi­nan­ceira na gestão das em­presas pú­blicas», pois «dourar os nú­meros das contas do Es­tado» traduz-se em de­gra­dação do ser­viço pú­blico.

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Proposta salarial do Governo justifica indignação e revolta

ORÇAMENTO Ao pre­co­nizar para 2020 uma ac­tu­a­li­zação sa­la­rial de 0,3 por cento, o Go­verno de­sen­ca­deou fortes pro­testos dos tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica e da Frente Comum de Sin­di­catos.

Greve nos hospitais EPE amanhã pelo ACT

LUTA Com «um atraso ina­cei­tável» na apli­cação do Acordo Co­lec­tivo de Tra­balho para as Car­reiras Ge­rais, os hos­pi­tais EPE voltam atrás e querem ex­cluir agora uma va­lo­ri­zação re­mu­ne­ra­tória.

Forte greve de enfermeiros na ARSLVT

A greve dos enfermeiros da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, no dia 12, teve uma adesão superior a 80 por cento, comprovando que os profissionais de enfermagem dos centros de saúde, da DICAD (Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências) e dos...

Luta solidária nos CTT

A administração dos CTT «tenta descartar um trabalhador acidentado em serviço», no Centro de Distribuição Postal de Ermesinde, o que suscitou um movimento de solidariedade, com plenários de trabalhadores e uma greve de 24 horas, convocada para amanhã, dia 20, em vários CDP e no Centro de...

Por oito horas no Cometlis

Para reivindicarem um horário de trabalho de oito horas diárias para os elementos da patrulha apeada, como acontece em outros comandos (Coimbra, Viseu, Leiria, Évora, Faro e Setúbal), cerca de meia centena de polícias concentraram-se frente ao Comando Metropolitano de Lisboa da PSP (Cometlis), em Moscavide, no dia 10. A...

Grande greve na Tratolixo

Com adesão quase total e uma forte concentração no exterior da sede da empresa, em Trajouce (Cascais), os trabalhadores da Tratolixo fizeram greve no dia 12, pela primeira vez e após dois anos de negociações sem resultados. «Temos filas enormes de camiões a aguardar vez», relatou à agência...

Provise tem de pagar

O PCP, através da Organização da RA da Madeira, manifestou-se no dia 12 solidário com a luta dos trabalhadores da Provise, para que a empresa cumpra o dever de pagar os salários no final de cada mês. Aos cerca de 40 vigilantes no Funchal, a Provise deve parte de Outubro e a totalidade do mês...