- Nº 2404 (2019/12/27)

Festividades passadas em luta por melhores salários e direitos

Trabalhadores

GREVE Os trabalhadores da APAPOL, da Parques de Sintra Monte da Lua, da Resinorte e da Resiestrela elevam a luta neste período de Natal e Ano Novo, dando mais força e relevo às suas reivindicações.

«Só nos resta lutar para obrigar a empresa a sentar-se à mesa e a negociar», sublinhava o STAL/CGTP-IN, no comunicado a mobilizar para a greve de ontem e hoje, dias 26 e 27, na Resinorte e na Resiestrela, empresas do Grupo EGF que fazem recolha selectiva e tratamento de resíduos no Norte (35 municípios) e no Centro interior (14 concelhos dos distritos da Guarda e de Castelo Branco).

É precisamente ao grupo privatizado que o sindicato imputa a responsabilidade pelo agravamento do conflito, pois «é a administração da holding que manda, de facto e de direito, nas empresas». Isto ficou comprovado, denunciou o sindicato, com a recente marcação de uma reunião com os representantes dos trabalhadores para o dia do Congresso Mundial de Resíduos, em Bilbao, evento há muito agendado.

Os representantes da empresa faltaram e remeteram para o âmbito do Grupo EGF a negociação da proposta de Acordo Colectivo de Trabalho apresentada pelo STAL. A EGF respondeu ao sindicato, considerando inoportuno e inadequado iniciar qualquer processo de negociação colectiva, global ou local.

O STAL respondeu que «a recusa da empresa em negociar não nos surpreende», pois «para ela nunca será oportuno melhorar as condições de trabalho».

Os trabalhadores das duas empresas reivindicam: respeito pela contratação colectiva e respostas sérias às propostas sindicais de negociação de um acordo colectivo de trabalho, que normalize e melhore as condições de trabalho nas empresas do Grupo EGF; melhoria dos salários e das condições de trabalho; valorização dos trabalhadores e das carreiras profissionais; um seguro de saúde para todos, alargado aos agregados familiares.

«Fartos de esperar por um acordo de empresa que finalmente satisfaça as suas reivindicações, que os valorize profissional e pessoalmente, que não esteja na base do salário mínimo nacional e contabilize a antiguidade na empresa», os trabalhadores da Parques de Sintra Monte da Lua decidiram fazer nos dias 24 e 31 de Dezembro, o que implica o encerramento dos palácios de Sintra nestes dias.

Na nota de imprensa em que confirmou a realização da luta, decidida a 5 de Dezembro em plenário, o STAL recorda que «a PSML assinou um acordo de empresa com um sindicato que não representa os trabalhadores, sem qualquer valorização salarial e que desregula ainda mais os horários de trabalho».

Para o sindicato, é «inadmissível que uma empresa sem fins lucrativos, com lucros médios, nos últimos quatro anos, na ordem dos 9,4 milhões de euros, gerida pelo Estado e por um Governo que advoga a reposição de rendimentos e direitos dos trabalhadores, tenha uma visão puramente economicista, servindo-se dela e do esforço dos seus trabalhadores para transferir os seus lucros para a Administração Central».

Na APAPOL (Aliança Panificadora de Algés, Paço de Arcos e Oeiras, Lda.) o Sintab/CGTP-IN convocou quatro dias de greve: 23, 24, 30 e 31 de Dezembro.

Os trabalhadores decidiram desta forma dar força às suas reivindicações de cumprimento do Contrato Colectivo de Trabalho, negociação e aplicação das categorias profissionais, aumentos salariais iguais para todos os trabalhadores. Sem qualquer expectativa de que a gerência altere a sua posição à última hora, o sindicato prepara já o passo seguinte. Rui Matias, dirigente do Sintab, antecipou ao Avante! que «vamos pedir uma reunião com os patrões na DGERT» (Ministério do Trabalho).