1881 – Expedição científica à serra da Estrela

Num tempo em que a serra da Es­trela era uma re­gião sel­vagem, des­co­nhe­cida, mis­te­riosa e ro­deada de mitos, 42 in­tré­pidos ci­en­tistas por­tu­gueses pro­pu­seram-se de­sen­volver um pro­jecto mul­ti­dis­ci­plinar vi­sando pro­mover o pro­gresso das ci­ên­cias mé­dicas em ter­ri­tório na­ci­onal. O grupo, pre­si­dido pelo ex­plo­rador Her­me­ne­gildo de Brito Ca­pello, in­te­grava, entre ou­tros, Sousa Mar­tins, Ro­drigo Pe­quito, Mou­zinho de Al­bu­querque, Jayme Ba­talha Reis, Mar­tins Sar­mento, Jo­a­quim Vas­con­cellos, Júlio Hen­ri­ques e Jules Da­veau. A ex­pe­dição, pro­mo­vida pela recém criada So­ci­e­dade de Ge­o­grafia de Lisboa (1875), partiu da Gare do Norte de Lisboa (Santa Apo­lónia) a 1 de Agosto. Um dos seus ob­jec­tivos era es­ta­be­lecer na serra um posto me­te­o­ro­ló­gico, um dos pri­meiros da Eu­ropa, bem como ins­talar sa­na­tó­rios para tratar os tí­sicos por­tu­gueses, como disse Sousa Mar­tins, res­pon­sável pelo pro­grama. À época, as ci­ên­cias mé­dicas tra­ba­lhavam nas áreas pros­pec­tivas das pa­to­lo­gias das al­ti­tudes, cli­ma­to­logia mé­dica, flora apli­cada à far­ma­co­peia e me­te­o­ro­logia, as quais cer­ti­fi­ca­riam a pos­te­rior ins­ta­lação da Es­tância Sa­na­to­rial. Os tra­ba­lhos du­raram 19 dias e en­vol­veram es­pe­ci­a­listas idos de Lisboa, Coimbra, Porto e Gui­ma­rães e gente das lo­ca­li­dades da serra para tra­balho au­xi­liar.