Opções políticas e visão de classe

Manuel Rodrigues

Entende o Presidente da República que o excedente previsto no Orçamento do Estado para 2020 «não é uma mania» nem «um fetiche», que é uma opção. «Sem a estabilização financeira – assinalou – nada é possível, passa-se a vida para resolver o problema financeiro».

Para Marcelo Rebelo de Sousa esta situação marca «uma inversão de tendência, que permite depois ser muito mais fácil ir pagando a dívida pública elevada acumulada, porque é um fenómeno inverso daquele que existia quando a dívida era negativa, e ia subindo».

O PCP manifestou a sua preocupação face à proposta de OE que, por opção do Governo, assume como elemento central o objectivo fixado de «alcançar um excedente orçamental, sacrificando em nome do défice das contas públicas e dos interesses do grande capital, as medidas necessárias à valorização dos trabalhadores e dos seus salários, ao aumento das pensões e reformas, à valorização dos serviços públicos, à valorização dos direitos das crianças, ao aumento do investimento público, à promoção de uma justa política fiscal, à dinamização do aparelho produtivo e do equilíbrio territorial, à promoção da cultura, à defesa do meio ambiente».

Para o PCP, a questão de fundo não tem a ver com a existência ou não de condições e meios que, aliás, nunca faltam quando se trata de defender os interesses do grande capital. A questão é de opções políticas que é o mesmo que dizer, a de saber que interesses pretende o Governo acautelar com a sua proposta de OE.

Como se vê, entre a leitura do OE do Presidente da República e a leitura (e preocupação) do PCP há uma diferença insanável.

Mas a leitura (e preocupação) do PCP é a que verdadeiramente importa aos trabalhadores, ao povo e ao País. Mais uma vez, trata-se de uma questão que em tudo tem a ver com opções políticas e natureza de classe. Por mais demagogia que se faça.

 



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