- Nº 2405 (2020/01/3)

Mãos ao trabalho por um PCP mais forte

PCP

REFORÇO A relação entre a independência financeira e a independência política e ideológica do PCP é um princípio a salvaguardar. Para isso contribuem iniciativas de angariação de fundos como aquela que constatámos na Baixa da Banheira.

«A capacidade do PCP em assegurar, no essencial, os meios financeiros para a sua actividade, recusando ser um departamento do Estado ou uma sucursal política dos grupos económicos e financeiros, comporta em si mesmo um elevado valor político e ético distintivo do PCP, dos seus objectivos e da sua intervenção juntos dos trabalhadores e do povo português»

A citação que acima reproduzimos consta da Resolução do Comité Central do PCP sobre o reforço do Partido, aprovada na reunião de 21 de Janeiro de 2018, na qual se sublinha que o fortalecimento está ligado aos meios próprios e à independência financeira. Contudo, o princípio de que um partido comunista não se pode deixar condicionar e muito menos depender de fundos estranhos e até antagónicos à sua natureza de classe e propósito estratégico, está há muito incorporado na vida do PCP. Com diferentes patamares de assimilação e concretização se considerarmos as exigências que a intervenção revolucionária reclama. Mas sem dúvida um princípio inviolável.

De entre as várias formas de o assegurar, tem importância (e existem possibilidades de adquirir maior relevo) a capacidade das organizações do PCP na angariação de fundos próprios. É isso que sucede na Baixa da Banheira, concelho da Moita, onde a Organização de Freguesia leva a cabo uma singular iniciativa.

Três dias antes do Natal, mais de 30 militantes, mas também não militantes, dedicam-se a fazer azevias e filhozes estendidas. A tradição remonta na Baixa da Banheira ao princípio do século XX, quando tal era feito num âmbito cooperativo por altura das festividades natalícias e do Entrudo, relatou-nos José Abreu. É este militante comunista quem assume a liderança da tarefa e a quem se deve a recuperação deste traço da cultura popular local como forma de angariar fundos. Mas nas várias salas em que decorre a confecção encontrámos militantes de várias idades, invariavelmente felizes por contribuírem com o seu trabalho voluntário e dedicados na parte que lhes competia no processo: fazer as massa, estendê-la e moldá-la, rechear com gila, num caso, fritar, polvilhar com açúcar e colocar em caixas numeradas.

De resto, embora a confecção dos saborosos doces se concentre nos três dias que antecedem o Natal, o trabalho começa muito antes, como testemunhou José Abreu. É preciso comprar os ingredientes para fazer cerca de quatro mil filhozes e azevias, preparar as caixas e abrir as encomendas. É que o passa-a-palavra sobre esta virtuosa iniciativa do PCP na Baixa da Banheira foi criando hábito, sendo hoje impossível «chegar e comprar. Quem quer tem de encomendar previamente».

«Abrimos as listas em meados de Novembro e fechamos dias antes de as começar a fazer», desvendou José Abreu, a quem não tomámos mais tempo e só pedimos que reunisse os camaradas para uma foto que é prova e exemplo de que não há dificuldades nem obstáculos insuperáveis para um colectivo empenhado em preservar os princípios, reforçar as características, estrutura e influência do PCP. O que é válido no plano financeiro como para os outros domínios determinantes para um Partido mais forte.