CESP marcou para dia 31 greve na distribuição comercial

REI­VIN­DICAÇÃO A APED e os grupos que do­minam a as­so­ci­ação pa­tronal ar­rastam a ne­go­ci­ação sa­la­rial desde Se­tembro de 2016. O sin­di­cato e os tra­ba­lha­dores exigem 90 euros para todos em 2020.

O sector gera mi­lhões de euros de lu­cros pa­gando sa­lá­rios mí­nimos

Face às po­si­ções pa­tro­nais na re­visão do con­trato co­lec­tivo e no au­mento dos sa­lá­rios, inal­te­rados há quatro anos, o Sin­di­cato do Co­mércio, Es­cri­tó­rios e Ser­viços de Por­tugal (CESP/​CGTP-IN) con­vocou para 31 de Ja­neiro um dia de greve dos tra­ba­lha­dores das em­presas da grande dis­tri­buição (super e hi­per­mer­cados, ar­ma­zéns e lo­gís­ticas, lojas es­pe­ci­a­li­zadas), para dar força às exi­gên­cias de au­mento dos sa­lá­rios e va­lo­ri­zação das car­reiras pro­fis­si­o­nais.
No pré-aviso de greve, en­tregue no dia 6, são in­di­cados quatro ob­jec­tivos desta jor­nada, que têm es­tado pre­sentes nos ca­dernos rei­vin­di­ca­tivos para 2020, apre­sen­tados nos prin­ci­pais grupos (DIA, Sonae, Au­chan, Lidl, Pingo Doce, Fnac), e em lutas re­a­li­zadas em em­presas do sector e lo­cais de tra­balho nos úl­timos meses:
 – au­mento dos sa­lá­rios de todos os tra­ba­lha­dores em 90 euros (três euros por dia), com efeitos a Ja­neiro de 2020;
 – va­lo­ri­zação das car­reiras e qua­li­fi­ca­ções pro­fis­si­o­nais;
 – ho­rá­rios de tra­balho re­gu­lados, que per­mitam a con­ci­li­ação entre o tra­balho e a vida pes­soal e fa­mi­liar;
 – pas­sagem a con­trato sem prazo de todos os tra­ba­lha­dores com vín­culos pre­cá­rios que estão a ocupar postos de tra­balho per­ma­nentes.

Ex­plo­ração exa­cer­bada

A úl­tima pro­posta pa­tronal pre­co­niza um au­mento de 1,4 por cento na ta­bela sa­la­rial, ou seja, sobre os va­lores vi­gentes desde 1 de Ja­neiro de 2016. Mesmo assim, para ne­go­ciar esta ac­tu­a­li­zação sa­la­rial, as em­presas exigem a in­clusão de um «banco» de horas, que re­du­ziria o valor do tra­balho su­ple­mentar.
Nos úl­timos quatro anos, re­corda o CESP, o sa­lário mí­nimo na­ci­onal (SMN) subiu 105 euros. Com os va­lores pro­postos pelos pa­trões, mais de 80 por cento dos tra­ba­lha­dores fi­ca­riam em ní­veis sa­la­riais abran­gidos pelos 635 euros, ac­tual valor do SMN, «uma ver­gonha para um sector onde são ge­rados mi­lhões de euros de lu­cros».
Por outro lado, acusa o sin­di­cato, na nota de im­prensa em que anun­ciou a con­vo­cação da greve, «os pa­trões e a APED não va­lo­rizam a car­reira pro­fis­si­onal e as apren­di­za­gens ad­qui­ridas ao longo dos anos», pelo que «um tra­ba­lhador que entra neste sector de ac­ti­vi­dade tem um sa­lário igual aos que já lá estão há 5, 10, 15, 20 e mais anos».
Du­rante o pro­testo re­a­li­zado esta se­gunda-feira, no ex­te­rior do su­per­mer­cado Mo­delo (Con­ti­nente) no Peso da Régua, o sin­di­cato aduziu mais um mo­tivo de des­con­ten­ta­mento e luta nesta in­sígnia: a Sonae é «a única em­presa do sector a pro­mover in­ter­na­mente a Ta­bela B», que prevê sa­lá­rios mais baixos fora dos dis­tritos de Lisboa, Porto e Se­túbal, e que o CESP pre­tende que seja eli­mi­nada do con­trato co­lec­tivo.
«Não existe fun­da­men­tação eco­nó­mica para tal prá­tica», afirma-se no fo­lheto dis­tri­buído aos cli­entes, no­tando que «os preços nas suas lojas são iguais em todo o País».
No mesmo dia, em Vila Real, num ini­ci­a­tiva se­me­lhante junto do Pingo Doce, o CESP acusou os pa­trões de, in­sis­tindo no «banco» de horas e na re­dução do valor do tra­balho su­ple­mentar, ar­ras­tarem a ne­go­ci­ação «para manter os baixos sa­lá­rios e agravar a ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores».

 



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