8 de Março

Margarida Botelho

Este pe­queno ar­tigo pre­tende apenas re­gistar um facto que muitas das que foram à ma­ni­fes­tação do MDM no dia 8 de Março já as­si­na­laram com cer­teza: o seu quase com­pleto si­len­ci­a­mento na te­le­visão.

Os no­ti­ciá­rios dos ca­nais ge­ne­ra­listas à hora de al­moço do pró­prio dia ig­no­raram com­ple­ta­mente a ma­ni­fes­tação. Mais: à ex­cepção de uma re­por­tagem sobre um jantar de mu­lheres de apoio à Liga Por­tu­guesa contra o Cancro e de uma peça com dados da de­si­gual­dade com base no Por­Data, até o pró­prio 8 de Março foi es­toi­ca­mente ig­no­rado.

Du­rante a tarde, os ca­nais de no­tí­cias no cabo vol­taram a ig­norar o 8 de Março, com a ex­cepção de um di­recto da TVI de uma acção re­a­li­zada no largo Ca­mões. Os meios dos ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial es­tavam apa­ren­te­mente todos con­cen­trados numa acção da Ju­veLeo à porta do es­tádio do Spor­ting - le­gí­tima, claro está, mas mais pe­quena, mais lo­ca­li­zada e de­fi­ni­ti­va­mente menos re­le­vante do que uma ma­ni­fes­tação de mi­lhares de mu­lheres vindas de todo o País a poucos qui­ló­me­tros de dis­tância.

O ce­nário re­petiu-se nos no­ti­ciá­rios das 20 horas. Á ex­cepção da RTP, que es­perou meia hora para passar uma peça sobre a ma­ni­fes­tação do MDM, a SIC ig­norou o 8 de Março e a TVI re­feriu-se a uma ma­ni­fes­tação de mi­lhares de mu­lheres em Lisboa, mas com ima­gens de uma outra...

Ao con­trário do que muitas vezes nos querem fazer crer, o que se es­colhe para apa­recer ou não na te­le­visão, quando e como não é um acaso, nem uma ilu­mi­nação di­vina nem uma ci­ência. É uma es­colha, que quando é feita por pro­fis­si­o­nais do jor­na­lismo tem re­gras e con­trolo de­on­to­ló­gico. Quando tem ou­tros mo­tivos - in­te­resses eco­nó­micos, ou op­ções po­lí­ticas e ide­o­ló­gicas, por exemplo - é outra coisa qual­quer. Jor­na­lismo é que não.




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