Lay-off solicitado pela Bosch mostra objectivos patronais

OFEN­SIVA O lay-off não pode servir para «sal­va­guardar os lu­cros à custa de cortes nos sa­lá­rios dos tra­ba­lha­dores e da ra­pina da Se­gu­rança So­cial», nota a Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Braga (DORB) do PCP re­a­gindo ao anúncio da Bosch.

As grandes em­presas apro­veitam para agravar a ex­plo­ração

Em causa está a sus­pensão dos con­tratos de cerca de 3500 tra­ba­lha­dores na fá­brica da mul­ti­na­ci­onal alemã em Braga, de­cisão que a DORB con­si­dera ser «um exemplo maior do ca­minho que não deve ser se­guido du­rante o ac­tual surto epi­dé­mico».

Em co­mu­ni­cado, o Par­tido su­blinha que para além de, ao longo dos úl­timos anos, a em­presa ter acu­mu­lado lu­cros, «ainda em 2018, na sequência de uma per­gunta di­ri­gida pelo Grupo Par­la­mentar do PCP ao Mi­nistro de Ne­gó­cios Es­tran­geiros, soube-se que foi atri­buído pelo Go­verno um in­cen­tivo fi­nan­ceiro à Bosch no valor má­ximo de 12 mi­lhões de euros, com a con­dição de ser con­ce­dida uma isenção de re­em­bolso de até 50 por cento. Isto para citar apenas um exemplo con­creto dos muitos mi­lhões de euros de apoios pú­blicos ca­na­li­zados para a Bosch».

Neste con­texto, «a DORB re­cusa que o acesso ao lay-off sirva para sal­va­guardar os lu­cros dos ac­ci­o­nistas à custa de cortes nos sa­lá­rios dos tra­ba­lha­dores e da ra­pina de fundos das Se­gu­rança So­cial», e lem­brando que «o PCP de­fende que seja as­se­gu­rado o pa­ga­mento in­te­gral dos sa­lá­rios aos tra­ba­lha­dores de em­presas cuja ac­ti­vi­dade está sus­pensa, de­vendo ser cri­ados os me­ca­nismos es­pe­cí­ficos com esse ob­jec­tivo, uti­li­zando meios fi­nan­ceiros a dis­po­ni­bi­lizar pelo Or­ça­mento do Es­tado», in­forma que «vai ques­ti­onar o Go­verno sobre o re­curso ao lay-off por parte da Bosch, bem como acerca dos apoios fi­nan­ceiros por parte do Es­tado à em­presa».

Pa­tro­nato apro­veita

No texto, os co­mu­nistas bra­ca­renses re­alçam ainda que, a pre­texto do surto epi­dé­mico, «sec­tores do pa­tro­nato, em par­ti­cular as grandes em­presas, estão a apro­veitar a ac­tual si­tu­ação para levar mais longe a ex­plo­ração», e dão como exemplo os mi­lhares de tra­ba­lha­dores co­lo­cados em lay-off ou des­pe­didos, a im­po­sição de fé­rias for­çadas, de bancos de horas e a des­re­gu­la­men­tação dos ho­rá­rios de tra­balho, a vi­o­lação das mais ele­men­tares normas de se­gu­rança e hi­giene no tra­balho, as pres­sões, chan­tagem e im­po­sição do medo. «Re­ceita», con­cluem, apli­cada «não só para o mo­mento mas também a pensar num fu­turo pró­ximo».




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