Foi de luta que se tratou!

Ângelo Alves

As ac­ções do 1.º de Maio foram uma ex­tra­or­di­nária de­mons­tração de or­ga­ni­zação, mo­bi­li­zação, e en­trega dos tra­ba­lha­dores, do mo­vi­mento sin­dical de classe e da sua grande cen­tral sin­dical, a CGTP/​IN. As ini­ci­a­tivas em 24 lo­ca­li­dades do nosso País - re­a­li­zadas num exem­plar e im­pres­si­o­nante exer­cício de dis­ci­plina, sen­tido de res­pon­sa­bi­li­dade e cum­pri­mento das re­gras de­fi­nidas pela DGS, sem riscos para a saúde pú­blica e sem um único in­ci­dente a re­gistar - cons­ti­tuíram uma po­de­rosa afir­mação da ideia de que as ba­ta­lhas em de­fesa da saúde têm de ser tra­vadas lado a lado com o exer­cício dos di­reitos de­mo­crá­ticos e com a in­tran­si­gente de­fesa dos di­reitos la­bo­rais e da jus­tiça so­cial, parte es­sen­cial da vida dos por­tu­gueses.

Nas ima­gens que cir­culam Mundo - fa­zendo do 1.º de Maio por­tu­guês um exemplo e factor de es­pe­rança e alento para a luta dos tra­ba­lha­dores de inú­meros países - es­ti­veram muitos mais dos que foi pos­sível lá ver. Es­ti­veram os mais de 100 mil tra­ba­lha­dores que desde Março estão no de­sem­prego; es­ti­veram os mais de um mi­lhão e 300 mil tra­ba­lha­dores que estão em lay-off; es­ti­veram os mi­lhões de tra­ba­lha­dores que todos os dias vão tra­ba­lhar e que nos trans­portes pú­blicos ou nos seus lo­cais de tra­balho não têm as me­didas ade­quadas de pro­tecção da sua saúde; es­ti­veram os pais em te­le­tra­balho, com cri­anças fe­chadas em casa há mais de um mês; es­ti­veram os tra­ba­lha­dores que viram sa­lá­rios cor­tados, muitos dos quais na po­breza, já sem di­nheiro para comer.

Ali es­teve re­pre­sen­tado o País que vende a sua força de tra­balho, e que muitos que­riam ver re­me­tido ao papel de má­quinas de pro­dução de ri­queza que, no de­sem­prego ou no final da sua jor­nada, se fe­cham em casa, ca­lados, com medo e sem pers­pec­tivas. É por isso que este foi um dos 1.º de Maio mais im­por­tante das nossas vidas. Tal como há 130 anos, Maio alargou ho­ri­zontes de luta, es­can­carou a luta de classe e abriu ala­medas de co­ragem, dig­ni­dade e es­pe­rança. E tal como há 46 anos, Maio de­fendeu e afirmou Abril e a De­mo­cracia. É por isso que tí­nhamos de lá estar, com um imenso or­gulho! Foi de luta que se tratou!




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