A questão é «romper» com as políticas vigentes

AL­TER­NA­TIVA Uma po­lí­tica al­ter­na­tiva, pa­trió­tica e de es­querda, é ne­ces­sária para que «a his­tória se es­creva de uma outra forma, di­fe­rente da­quela que agora nos pre­nun­ciam», de­fende João Fer­reira, de­pu­tado do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu.

Há um risco real de se acen­tu­arem as de­si­gual­dades no seio da União Eu­ro­peia

Lusa


A Co­missão Eu­ro­peia deu a co­nhecer, no dia 7, as suas pre­vi­sões eco­nó­micas da Pri­ma­vera. São pre­vi­sões «mar­cadas por uma enorme in­cer­teza, como é re­co­nhe­cido por quem as faz».

João Fer­reira, de­pu­tado do PCP no Par­la­mento Eu­ropeu, fez a pro­pó­sito uma de­cla­ração em que con­si­dera que, se­gundo essas pre­vi­sões, «o quadro global, sem sur­presas, é mar­cado por uma acen­tuada quebra do pro­duto tanto na Zona Euro como no con­junto da União Eu­ro­peia (UE), sendo essa quebra maior na Zona Euro do que, em termos mé­dios, nos países que não fazem parte do euro, tal aliás como já tinha su­ce­dido na úl­tima crise».

Ha­vendo um quadro global de quebra na ac­ti­vi­dade eco­nó­mica, a Co­missão Eu­ro­peia re­co­nhece que a queda do PIB em 2020 será di­fe­rente de Es­tado-membro para Es­tado-membro. O mesmo em re­lação à di­nâ­mica da re­toma. Ou seja, «há um risco real de se acen­tu­arem a di­ver­gência e as de­si­gual­dades no seio da UE», re­alça João Fer­reira.

As pre­vi­sões dizem – e não é di­fícil adi­vi­nhar – que o au­mento do de­sem­prego será mais ele­vado nos países que re­gistam uma ele­vada per­cen­tagem de tra­ba­lha­dores com con­tratos pre­cá­rios e também uma grande parte da mão de obra de­pen­dente do sector do tu­rismo.

Como re­sul­tado disto, para Por­tugal prevê-se uma su­bida do de­sem­prego acima da média da Zona Euro e da UE: «Aí está a con­sequência da aposta na pre­ca­ri­e­dade feita pelos su­ces­sivos go­vernos e a im­por­tância da luta contra esta chaga so­cial».

Nova es­ca­lada
do peso da dí­vida

Na au­sência de uma res­posta so­li­dária da UE, as­sente na co­esão eco­nó­mica e so­cial, estas pre­vi­sões apontam para «uma nova es­ca­lada do peso da dí­vida em países como Por­tugal, onde se prevê que toda a tra­jec­tória de­cres­cente dos úl­timos anos seja anu­lada». Este é um dos efeitos do euro, «uma dí­vida que ora sobe, ora desce, mas que é ten­den­ci­al­mente alta e cres­cente».

Para João Fer­reira, agora, é im­por­tante atentar numa coisa: estas pre­vi­sões, em­bora nada ani­ma­doras, são feitas as­su­mindo a ma­nu­tenção das po­lí­ticas vi­gentes. «A grande questão com que es­tamos con­fron­tados, porém, é romper com estas po­lí­ticas, romper com a sub­missão do País a po­lí­ticas con­trá­rias aos seus in­te­resses, aos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do povo», afirma.

Re­sume: «Re­cu­perar ins­tru­mentos de so­be­rania. For­ta­lecer a pro­dução na­ci­onal, di­mi­nuindo a de­pen­dência e cri­ando mais em­prego. Re­cu­perar o con­trolo sobre em­presas e se­tores es­tra­té­gicos da eco­nomia, pondo-os ao ser­viço do bem-estar co­le­tivo e não do lucro dos seus aci­o­nistas. Me­lhorar os ser­viços pú­blicos. Va­lo­rizar o tra­balho e os tra­ba­lha­dores – eis os eixos fun­da­men­tais de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva, pa­trió­tica e de es­querda, ne­ces­sária para que a his­tória se es­creva de uma outra forma, di­fe­rente da­quela que agora nos pre­nun­ciam».




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