Manifesto recusa austeridade e exige medidas para a Cultura

EMERGÊNCIA A pan­demia de COVID-19 agravou a crise de dé­cadas na Cul­tura, alerta o Ma­ni­festo em De­fesa da Cul­tura, que con­dena as «ina­cre­di­tá­veis» me­didas do Go­verno para o sector e a in­ca­pa­ci­dade da mi­nistra da tu­tela.

Não é tempo de ma­no­bras de evasão

«A emer­gência sa­ni­tária re­clama me­didas ur­gentes com um triplo ob­jec­tivo: salvar as pes­soas, todas e cada uma, para que o ca­pital hu­mano da Cul­tura possa so­bre­viver; salvar as or­ga­ni­za­ções, da mais es­tru­tu­rada à mais sim­ples e in­formal; pro­teger os equi­pa­mentos e os meios téc­nicos dis­po­ní­veis», re­fere o Grupo Na­ci­onal de Co­or­de­nação do Ma­ni­festo, em co­mu­ni­cado de 9 de Maio.

«Antes de mais nada», para este sector é ne­ces­sário «prover ren­di­mento às pes­soas», «manter a exis­tência mí­nima das es­tru­turas, onde, quando e na me­dida do que for pos­sível» e «pro­pi­ciar a ma­nu­tenção e ope­ra­ci­o­na­li­dade dos equi­pa­mentos e dos meios», con­tinua o texto, onde se re­clamam «me­didas rá­pidas, sem he­si­ta­ções ou blo­queios», não se po­dendo, em mo­mento algum, «adiar ou con­tra­riar as me­didas es­tru­tu­rais que as gentes da Cul­tura re­clamam de há anos para cá».

«Não é tempo de guardar o di­nheiro no cofre, de ma­no­bras de evasão ou de birras ins­ti­tu­ci­o­nais para ocultar ob­jec­tivos po­lí­ticos an­tigos», acentua o Mo­vi­mento, re­cu­sando «o re­gresso da aus­te­ri­dade sob nova re­tó­rica» e exi­gindo que «o pa­tri­mónio pú­blico, o di­nheiro de todos os por­tu­gueses, seja co­lo­cado ao ser­viço da so­bre­vi­vência de todos, do te­cido or­gâ­nico da Cul­tura, do seu pre­sente e fu­turo».

Neste sen­tido, con­dena-se as «ina­cei­tá­veis me­didas do Go­verno para a ac­ti­vi­dade cul­tural e a in­ca­pa­ci­dade de res­posta da mi­nistra da Cul­tura», tra­du­zidas na «alo­cação de um mi­lhão de euros, na abor­tagem de um fes­tival con­de­nado a fra­cassar e na cons­ti­tuição de mais um “grupo de tra­balho”, para ana­lisar o que já foi muitas vezes ana­li­sado, per­mi­tindo manter in­to­cável a po­lí­tica de di­reita de sempre».

Pro­postas con­cretas
O Ma­ni­festo en­tende ser es­sen­cial a mo­bi­li­zação de fundos do Or­ça­mento do Es­tado (OE) para ga­rantir «ren­di­mento su­fi­ci­ente a todos os tra­ba­lha­dores da Cul­tura, sem con­di­ções, ex­cep­ções ou con­tra­par­tidas» e que «às es­tru­turas ar­tís­ticas que viram re­cu­sados apoios nos úl­timos con­cursos qua­dri­e­nais e bi­e­nais seja ga­ran­tida a so­bre­vi­vência». Entre ou­tras me­didas, o Plano Plu­ri­a­nual Pú­blico de In­ves­ti­mento Cul­tural deve es­ta­be­lecer o pa­tamar mí­nimo de 1% do OE para a Cul­tura e o ob­jec­tivo de al­cançar, numa dé­cada, 1% do Pro­duto In­terno Bruto.

PSD, CDS e PS são res­pon­sá­veis

A emer­gência que a Cul­tura já vivia há dé­cadas é fruto de uma po­lí­tica cul­tural de des­truição do in­te­resse pú­blico, de fa­vo­re­ci­mento da mer­can­ti­li­zação e mer­ca­do­ri­zação da Cul­tura e de re­dução drás­tica do in­ves­ti­mento do Es­tado, pro­ta­go­ni­zada por di­versos go­vernos do PSD, do CDS e do PS, in­cluindo o Go­verno em fun­ções.

«Essa po­lí­tica de­sor­ça­mentou es­tru­turas e ac­ti­vi­dades, des­man­telou as fun­ções cul­tu­rais do Es­tado, criou pro­funda ins­ta­bi­li­dade nas or­ga­ni­za­ções e equipas, pro­moveu a ge­ne­ra­li­zação da pre­ca­ri­e­dade, res­tringiu a qua­li­dade do tra­balho, a li­ber­dade e a di­ver­si­dade da pro­dução, na arte, no pa­tri­mónio, na in­ves­ti­gação, na di­vul­gação e in­for­mação», acusa o Ma­ni­festo em De­fesa da Cul­tura.



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