Jerónimo de Sousa no debate quinzenal com o primeiro-ministro

Condições nos transportes públicos são más e Governo fecha os olhos

No que res­peita aos «ser­viços as­se­gu­rados pelo Es­tado», no­me­a­da­mente aos «su­bur­banos da CP, a ca­pa­ci­dade está re­posta a 100 por cento», afirmou o pri­meiro-mi­nistro, acres­cen­tando que o Go­verno «só tem si­na­li­zada uma si­tu­ação de di­fi­cul­dade, com uma ocu­pação de cerca de 60%, no com­boio das 6h36 da manhã na linha Sintra-Es­tação do Ori­ente».

Da afir­mação do pri­meiro-mi­nistro, que res­pondia à pre­o­cu­pação ma­ni­fes­tada por Je­ró­nimo de Sousa quanto à si­tu­ação vi­vida nos trans­portes pú­blicos na re­gião de Lisboa, só se pode de­pre­ender de três, uma: o Go­verno ou está dis­traído ou mal-in­for­mado ou pro­cura iludir a re­a­li­dade.

Não há outra forma de com­pre­ender tais pa­la­vras – disse também, re­fe­rindo-se à So­flusa e Trans­tejo, que a «lo­tação tem sido normal», a oferta já «re­posta em 74%» e que não há re­gisto de si­tu­a­ções a me­recer re­paro «par­ti­cular» -, quando é mais que sa­bido que per­sistem pro­blemas de oferta nas em­presas pú­blicas, de­sig­na­da­mente nas li­nhas sub-ur­banas da Azam­buja e de Sintra.

Si­tu­ação in­sus­ten­tável

Foi jus­ta­mente para a in­su­fi­ci­ente oferta de car­reiras e para as de­fi­ci­entes con­di­ções em que as pes­soas são obri­gadas a andar que o Se­cre­tário-geral do PCP cha­mara a atenção, de­fen­dendo a ur­gente re­so­lução do pro­blema, em nome das «con­di­ções de saúde pú­blica» e da se­gu­rança e bem-estar dos utentes dos trans­portes pú­blicos.

Esta não é, con­tudo, uma re­a­li­dade ex­clu­siva das em­presas pú­blicas. Nem se­quer, por­ven­tura, a mais grave. «In­sus­ten­tável», mesmo, é a si­tu­ação nas li­ga­ções ro­do­viá­rias, com os «prin­ci­pais ope­ra­dores pri­vados» a re­sis­tirem a um au­mento da oferta, de­nun­ciou Je­ró­nimo de Sousa, que disse haver «casos si­na­li­zados» em que não são adop­tadas as «me­didas de se­gu­rança ne­ces­sá­rias».

O líder co­mu­nista não es­condeu por isso a sua in­sa­tis­fação pelo facto de al­gumas destas em­presas re­cla­marem agora «mais di­nheiro pú­blico para pres­tarem o ser­viço a que estão obri­gados», quando já be­ne­fi­ci­aram do lay-off e viram este apoio somar-se às ha­bi­tuais trans­fe­rên­cias que nunca dei­xaram de re­ceber pela pres­tação do ser­viço.

Quis saber, por isso, se o Go­verno ten­ciona manter apoio ao lay-off a estas em­presas de trans­portes pú­blicos, con­tri­buindo para que se pro­longue uma si­tu­ação que nega o di­reito ao trans­porte e põe em causa a saúde de mi­lhares de utentes, em par­ti­cular os tra­ba­lha­dores.

An­tónio Costa foi ainda ins­tado a es­cla­recer se vai ou não o Exe­cu­tivo adoptar me­didas que su­pram os pro­blemas iden­ti­fi­cados, em ar­ti­cu­lação com a au­to­ri­dade de trans­portes da área me­tro­po­li­tana de Lisboa, de­sig­na­da­mente por via de um re­forço de meios fi­nan­ceiros para esta mesma en­ti­dade.

Per­guntas que não ob­ti­veram res­posta. À des­crição «rosa» que fi­zera dos trans­portes pú­blicos na AML, o chefe do Go­verno acres­centou apenas que tinha co­nhe­ci­mento, no que toca ao trans­porte ro­do­viário, que iria ser apre­sen­tada por este sector uma «pro­posta para ser in­cluída no Or­ça­mento Su­ple­mentar», pelo que a aguar­dava para a poder apre­ciar.




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