1110 – A Lua desaparece no céu

«Na quinta noite do mês de Maio, a Lua bri­lhava ao fim da tarde, e pro­gres­si­va­mente a sua luz foi di­mi­nuindo, a tal ponto que, já noite fe­chada, se apagou to­tal­mente». O re­gisto do fe­nó­meno que consta do Pe­ter­bo­rough Ch­ro­nicle (Cró­nicas Anglo-Saxãs), cedo sus­citou a cu­ri­o­si­dade dos as­tró­nomos e ali­mentou de­bates sobre as causas desse mis­te­rioso e in­vul­gar­mente som­brio eclipse lunar. Sé­culos mais tarde, o as­tró­nomo in­glês Ge­orges Fre­de­rick Cham­bers con­si­de­rava ser óbvio que se tra­tava de um «exemplo de um eclipse “negro”, ou seja, quando a Lua se torna in­vi­sível em vez de bri­lhar com a ha­bi­tual to­na­li­dade de cobre». Mas qual a causa do «apagão» ocor­rido nessa noite me­di­eval de 5 de Maio? A res­posta co­meçou a ser dada nos nossos dias por in­ves­ti­ga­dores da uni­ver­si­dade de Ge­nebra, que atri­buem o fe­nó­meno a um véu de po­eira lan­çado na at­mos­fera por uma série de erup­ções vul­câ­nicas. A con­clusão de­corre da aná­lise das ca­rotes gla­ci­ares, os me­lhores ar­quivos destes acon­te­ci­mentos, já que apri­si­onam as cinzas quando estas caem na terra. O prin­cipal sus­peito é o Monte Asama, vulcão de Honshū, no Japão, que terá ocor­rido em si­mul­tâneo com outro ainda por iden­ti­ficar. Mais de mil anos de­pois, o mis­tério da noite em que a Lua se apagou ainda per­ma­nece.