Cuba acusa EUA de criminalizar cooperação internacional

SAÚDE O go­verno cu­bano de­nuncia a in­tensa cam­panha da ad­mi­nis­tração Trump contra a co­o­pe­ração mé­dica de Cuba com ou­tros povos. Nos úl­timos meses, 38 bri­gadas in­te­grando mais de 3440 pro­fis­si­o­nais de saúde cu­banos foram en­vi­adas a 31 países da Eu­ropa, Amé­rica, África e Médio Ori­ente para ajudar a en­frentar a pan­demia de COVID-19.

O mi­nistro cu­bano dos Ne­gó­cios Es­tran­geiros, Bruno Ro­dri­guez, acusou os Es­tados Unidos de cri­mi­na­lizar a co­o­pe­ração mé­dica in­ter­na­ci­onal dis­po­ni­bi­li­zada por Cuba para en­frentar a pan­demia de COVID-19.

Washington faz isso «por mo­tivos po­lí­ticos, acres­centou, na sua conta do Twitter, ex­pli­cando que o hu­ma­nismo e a so­li­da­ri­e­dade são prin­cí­pios es­tra­nhos à Casa Branca. «O go­verno dos EUA, para atacar Cuba, não he­sita em es­tragar os es­forços de países ter­ceiros no com­bate à pan­demia», su­bli­nhou o go­ver­nante cu­bano, re­fe­rindo-se às ame­aças de Washington de aplicar san­ções a países que co­o­peram com Cuba na área da saúde.

As au­to­ri­dades cu­banas en­vi­aram na se­mana finda bri­gadas do Con­tin­gente de Mé­dicos Es­pe­ci­a­li­zados em Si­tu­a­ções de De­sas­tres e Graves Epi­de­mias Henry Reeve, para a Guiné-Bissau, Mar­ti­nica e An­guila, estes dois ter­ri­tó­rios ul­tra­ma­rinos sob do­mínio da França e do Reino Unido, res­pec­ti­va­mente.

A par­tida desse pes­soal mé­dico foi pos­te­rior à apre­sen­tação, pelo se­cre­tário de Es­tado norte-ame­ri­cano, Mike Pompeo, do re­la­tório dos EUA sobre o trá­fico de pes­soas, in­cluiu Cuba na pior clas­si­fi­cação (nível três, onde se en­con­tram também países como China, Rússia, Ve­ne­zuela e ou­tros que não aceitam sub­meter-se aos di­tames de Washington) e qua­li­fica as mis­sões mé­dicas de Cuba como «tra­balho for­çado».

Se­gundo a Prensa La­tina, o re­la­tório coin­cide com a in­tensa cam­panha da ad­mi­nis­tração Trump contra a co­o­pe­ração do pes­soal sa­ni­tário de Cuba com países em todo o mundo.

Apesar dessa cam­panha, nu­me­rosos go­vernos so­li­citam a ajuda de Cuba para ajudar a fazer frente à pan­demia, como evi­dencia a par­tida de novas bri­gadas mé­dicas.

O pre­si­dente cu­bano, Mi­guel Díaz-Canel, afirmou a pro­pó­sito que é falsa, ile­gí­tima e uni­la­teral a lista sobre trá­fico de pes­soas em que Washington in­clui Cuba e isso sig­ni­fica que o go­verno norte-ame­ri­cano con­funde des­ca­ra­da­mente salvar pes­soas com tra­ficar pes­soas. «O im­pério mente e trata de con­fundir», en­fa­tizou o di­ri­gente cu­bano, pre­ci­sando que o que os EUA não su­portam é o exemplo de Cuba.

De acordo com as au­to­ri­dades da ilha, como parte da co­o­pe­ração in­ter­na­ci­o­na­lista mé­dica cu­bana, nos úl­timos meses saíram do Es­tado ca­ri­benho, com des­tino a 31 países da Eu­ropa, Amé­rica, África e Médio Ori­ente, 38 bri­gadas in­te­grando mais de 3440 pro­fis­si­o­nais de saúde. Re­gressou, en­tre­tanto, a Cuba o grupo de 52 co­o­pe­rantes que ajudou a com­bater a COVID-19 na re­gião da Lom­bardia, epi­centro da do­ença em Itália.

Além dessas bri­gadas, Cuba mantém cerca de 28 mil tra­ba­lha­dores da saúde em 59 países, es­pe­ci­al­mente de África e da Amé­rica La­tina.

De­sa­fios glo­bais

O pre­si­dente da Re­pú­blica de Cuba en­viou uma carta ao se­cre­tário-geral da ONU des­ta­cando a ne­ces­si­dade da co­o­pe­ração in­ter­na­ci­onal para so­lu­ci­onar os pro­blemas glo­bais.

Na mis­siva, en­viada a 26 de Junho, Mi­guel Díaz-Canel re­a­firma a An­tónio Gu­terres o apego de Cuba aos pro­pó­sitos e prin­cí­pios da or­ga­ni­zação mul­ti­la­teral. Re­fere que o com­bate às crises ge­radas pela pan­demia de COVID-19 e seus efeitos são parte dos de­sa­fios glo­bais que a Hu­ma­ni­dade en­frenta 75 anos após a as­si­na­tura pelos Es­tados-mem­bros da Carta das Na­ções Unidas.

«O ce­nário in­ter­na­ci­onal é cada vez mais com­plexo. Pro­li­feram os con­flitos e a cor­rida ar­ma­men­tista», su­blinha o texto, que faz re­fe­rência às cha­madas guerras não-con­ven­ci­o­nais, as quais po­li­tizam os di­reitos hu­manos e des­res­peitam a livre de­ter­mi­nação dos povos.

Além disso, a carta des­taca que, nas cir­cuns­tân­cias ac­tuais, ataca-se o mul­ti­la­te­ra­lismo, «ig­noram-se acordos in­ter­na­ci­o­nais e des­qua­li­fica-se o papel de or­ga­ni­za­ções como a ONU e a Or­ga­ni­zação Mun­dial da Saúde».

Díaz-Canel qua­li­fica de «in­justa» a ordem eco­nó­mica in­ter­na­ci­onal vi­gente, já que apro­funda a de­si­gual­dade e o sub­de­sen­vol­vi­mento, assim como se agu­dizam os pro­blemas so­ciais a nível mun­dial, entre eles as di­fi­cul­dades de acesso aos ser­viços de saúde.

Face a este pa­no­rama, a carta ma­ni­festa a ur­gência de pôr de lado as di­fe­renças po­lí­ticas entre os países do mundo para en­con­trar so­lu­ções co­muns para os pro­blemas glo­bais através da co­o­pe­ração in­ter­na­ci­onal.



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