Logo a seguir ao anúncio do novo governo de França, na segunda-feira, 6, dirigentes de várias forças à esquerda do actual presidente consideraram que a remodelação do gabinete não responde às políticas económicas, sociais e ecológicas de que o país necessita. «Não é com este governo que teremos as esperadas mudanças a favor da justiça social e da ecologia», afirmou o secretário nacional do Partido Comunista Francês (PCF), Fabien Roussel.

Para o também deputado do PCF, as designações dos ministros – alguns mantiveram-se nos seus cargos – evidenciam que as políticas continuarão como dantes, um cenário que já era vaticinado por vários sectores, enquanto Macron prometia um «novo caminho», reclamado por amplos sectores da sociedade, face à profunda crise, agravada pela pandemia de COVID-19.

No dia 1, o PCF tinha acusado Macron de disfarçar de verde o seu projecto liberal, de tentar enganar os cidadãos preocupados com as questões ambientais. «O que o presidente dos ricos e das multinacionais faz é disfarçar a fachada de um capitalismo em crise profunda, responsável por desastres financeiros, económicos, sociais e ecológicos, que se acumulam em França, na Europa e no mundo», acusou o PCF.

De igual modo, o primeiro-secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, descartou transformações em benefício das pessoas com a nomeação do novo governo, agora presidido por Jean Castex, que substituiu Edouard Philippe, e integrado por 17 mulheres e 14 homens. «Vemos uma viragem sem precedentes à direita. Macron prometeu reinventar-se mas continua a concentrar todos os poderes», escreveu Faure nas redes sociais.

Outras forças da esquerda expressaram também a opinião de que não haverá mudanças progressistas e que só poderá esperar-se a mesma política de direita, anti-social e anti-ecologista.