Greve muito forte no SUCH exigiu negociação e valorização

ES­SEN­CIAIS Os tra­ba­lha­dores do Ser­viço de Uti­li­zação Comum dos Hos­pi­tais estão na «linha da frente» do com­bate à COVID-19, mas a ad­mi­nis­tração e o Go­verno não va­lo­rizam o seu em­penho.

O papel im­pres­cin­dível dos tra­ba­lha­dores tem de ser va­lo­ri­zado

Na greve dos tra­ba­lha­dores das can­tinas, la­van­da­rias, lim­peza e ma­nu­tenção dos hos­pi­tais, com vín­culo la­boral ao SUCH, os ní­veis de adesão foram muito ele­vados, com efeitos vi­sí­veis na re­dução aos ser­viços mí­nimos da ac­ti­vi­dade em hos­pi­tais como o São João (Porto), Pedro His­pano (Ma­to­si­nhos) e da Uni­ver­si­dade de Coimbra.

Um di­ri­gente da Fe­saht/​CGTP-IN re­feriu à agência Lusa que a greve teve pra­ti­ca­mente 100 por cento de adesão na ali­men­tação e acima de 70 por cento nos res­tantes sec­tores. Fran­cisco Fi­guei­redo con­si­derou que ficou assim de­mons­trado o des­con­ten­ta­mento que existe no seio dos cerca de 3500 tra­ba­lha­dores, porque a ad­mi­nis­tração e o Mi­nis­tério da Saúde não ti­veram em conta o seu papel im­pres­cin­dível no com­bate à pan­demia.

Os tra­ba­lha­dores «são equi­pa­rados aos tra­ba­lha­dores da Saúde para cum­pri­mento de de­veres, mas não são equi­pa­rados aos tra­ba­lha­dores da Saúde para be­ne­fi­ciar de di­reitos», afirma-se numa moção que foi apro­vada no Porto, du­rante uma con­cen­tração que teve lugar du­rante a manhã do dia da greve, frente às ins­ta­la­ções do SUCH (uma as­so­ci­ação pri­vada sem fins lu­cra­tivos, tu­te­lada pelos mi­nis­té­rios da Saúde e das Fi­nanças).

Na ca­rac­te­ri­zação das con­di­ções la­bo­rais, des­taca-se no do­cu­mento que mais de 90 por cento dos tra­ba­lha­dores re­cebem apenas o sa­lário mí­nimo na­ci­onal.

Nestes meses de crise sa­ni­tária, «es­ti­veram na pri­meira linha», as­se­gu­rando ali­men­tação a mé­dicos, en­fer­meiros e de­mais fun­ci­o­ná­rios hos­pi­ta­lares e aos do­entes, in­cluindo com COVID-19, e ga­ran­tiram os ser­viços de apoio. Ti­veram também jor­nadas de 12 horas, adi­a­mento de fé­rias, re­cusa de dis­pensa para as­sis­tência aos fi­lhos. A falta de pes­soal au­mentou os ritmos de tra­balho in­tensos.

A ad­mi­nis­tração do SUCH, apesar dos di­versos pe­didos feitos pela Fe­saht, não re­tomou as ne­go­ci­a­ções de re­visão do Acordo de Em­presa para 2020.

Nas exi­gên­cias ins­critas na moção, co­meça-se pre­ci­sa­mente pela ne­go­ci­ação ime­diata do AE, de modo a al­cançar au­mentos sa­la­riais de 90 euros, para todos os tra­ba­lha­dores e com efeitos a 1 de Ja­neiro deste ano, e re­dução do ho­rário de tra­balho para 35 horas se­ma­nais.

Os tra­ba­lha­dores do SUCH rei­vin­dicam ainda o pa­ga­mento do sub­sídio de risco, um acrés­cimo de um euro por hora no valor do tra­balho pres­tado ao sá­bado e do­mingo, a ac­tu­a­li­zação do sub­sídio de re­feição, a cri­ação de um re­gime de diu­tur­ni­dades, a atri­buição de uma com­pen­sação ex­tra­or­di­nária pelo tra­balho re­la­ci­o­nado com a pan­demia, a cri­ação de um com­ple­mento de do­ença e de aci­dente de tra­balho. É ainda exi­gida a re­a­li­zação de testes de des­pis­tagem da COVID-19 a todos os tra­ba­lha­dores e in­siste-se no re­forço do quadro de pes­soal, para con­tra­riar os ritmos in­tensos de tra­balho.




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