1681 – Inauguração do Canal do Midi

Ligar o Atlân­tico ao Me­di­ter­râneo – um sonho ali­men­tado desde a An­ti­gui­dade pelo in­te­resse po­lí­tico, eco­nó­mico e mi­litar que sus­ci­tava – tornou-se re­a­li­dade com Luís XIV, in­cen­ti­vado pelo seu mi­nistro de Es­tado e da Eco­nomia, Jean-Bap­tiste Col­bert, que vê no pro­jecto um meio para de­sen­volver o mer­can­ti­lismo in­dus­trial. Ir do Atlân­tico ao Me­di­ter­râneo sem ter de con­tornar a pe­nín­sula Ibé­rica en­fra­quecia Es­panha, uma po­tência eco­nó­mica, ali­men­tava a as­pi­ração da França de se tornar na nação mais rica da Eu­ropa e for­ta­lecia o ab­so­lu­tismo. A obra é en­tregue ao en­ge­nheiro civil Pi­erre Paul Ri­quet, que propõe ao rei «um grande pro­jecto vi­si­o­nário». Ao canal está as­so­ciado um vasto con­junto de obras de arte: 328 es­tru­turas, entre as quais 63 eclusas, 130 pontes, 55 aque­dutos, sete pontes de canal e seis bar­ra­gens, para além de 45 000 ár­vores plan­tadas ao longo das mar­gens. Os tra­ba­lhos co­me­çaram em 1667. Inau­gu­rado em 1681, o canal foi aberto ao trá­fego em me­ados de 1684, com o nome de Canal Real de Lan­guedoc. Doze mil tra­ba­lha­dores, ope­rá­rios e cam­po­neses, ho­mens e mu­lheres, le­varam a cabo du­rante 14 anos os tra­ba­lhos mo­rosos e des­gas­tantes que er­gueram o que foi con­si­de­rado como a maior cons­trução do séc. XVII e que é desde 1996 pa­tri­mónio mun­dial da Unesco.