Os EUA não se sentem suficientemente acompanhados na ofensiva contra a Venezuela. Empenharam o aparelho diplomático na questão, e o Departamento de Estado de Pompeo saiu-se em 14 de Agosto com uma lista de 29 «democracias» que partilham o empenho EUA numa «mudança democrática» para a Venezuela. Entre essas democracias destacam-se Albânia, Colômbia, Brasil, Chile, Hungria, Israel, Ucrânia. Se alguém vislumbrar contradição nesse empenhamento «democrático» em terra alheia, não tem que se admirar.
A hipocrisia e a duplicidade do discurso político oficial nos EUA têm uma longuíssima tradição. Contaminam todos os seus serventuários e vassalos e sobretudo são hoje parte integrante daquilo que os grandes media globais veiculam.
É assim que uma acção repressiva é notícia se ocorrer em Minsk, mas não o é se ocorrer em Portland. É assim que seja o que for que diga respeito ao povo uighur é uma tragédia humanitária, mas o martírio do povo palestiniano não o é.
É assim que destruir a Jugoslávia ou a Líbia e assassinar os seus dirigentes é «ingerência humanitária», mas defender a pátria de armas na mão – como Cuba é obrigada a fazer há mais de seis décadas – é «ditadura».
É assim que, se alguns que acompanham os EUA neste seu empenho em «democratizar» a Venezuela utilizam técnicas de repressão de movimentos de massas que provocam deliberadamente graves lesões – nomeadamente que cegam com balas de borracha como Israel faz na Palestina e o Chile no seu próprio país – isso não é notícia. Mas seria se sucedesse na Bielorússia ou na China.
É assim que é possível Trump defender que o COVID-19 pode tratar-se com injecções de desinfectante, e ouvir-se o mesmo Trump pronunciar-se doutamente sobre se vacinas criadas por outros que não as farmacêuticas EUA são de fiar.